Crítica – Don’t Trip (2025)

Título:Don’t Trip
Título Original:Don’t Trip
Direção:Alex Kugelman
Roteiro:Alex Kugelman
Elenco:Matthew Sato, Will Sennett, Olivia Rouyre, Chloe Cherry, Fred Melamed, Pell James
País:EUA
Ano:2025

Humor e o suspense se complementam em alguns momentos, mas em outros não harmonizam

Fiquei sabendo sobre Don’t Trip por conta de um email do diretor e roteirista Alex Kugelman, que chegou a mim por conta do Letterboxd (assim como com outras usuários da rede, como dá para perceber nos comentários). Fico feliz em saber que a plataforma está sendo usado para a divulgação de projetos independentes, e não apenas para fiscalização dos gostos alheios, como o povo lá do Xtwitter tanto aprecia.

Mas, vamos à crítica.

Don’t Trip acompanhao jovem roteirista Dev (Matthew Sato), que vem tentando tirar do papel um projeto. Ao ser demitido de seu trabalho de assistente, ele entra do modo “desespero”, acredita que a única forma de ver seu filme realizado é conseguindo convencer o poderoso produtor Scott Lefkowitz (Fred Melamed). Depois de ser recusado por todos os funcionários do homem, sem conseguir falar com o mesmo, Dev estabelece um plano: vai se aproximar do filho do produtor, Trip, fazer amizade e, no momento certo, fazê-lo apresentá-lo ao pai. O problema é que Trip não poderia ser descrito como uma pessoa das mais equilibradas.

Dono de uma personalidade errática e comportamentos manipuladores, Trip captura Dev em uma especie de bromance abusivo. Trip é interpretado com brilho e carisma por Will Sennett. Esse nepo baby é uma caricatura de artista anti sistema, profundo e atormentado, que supostamente não está preocupado com dinheiro ou reconhecimento, apenas com a pureza de sua arte. Lógico que seu estilo de vida, incluindo festas e drogas, é bancado pelo dinheiro e influência de seu pai.

Apesar da performance de Trip ser mais extrema, ela não é tão diferente assim de Dev. O roteirista sempre fala apaixonadamente de seu filme, mas percebe-se que sua paixão não está necessariamente em tirar o filme do papel, mas em ganhar fama em Hollywood e ser respeitado por todos os figurões. E, embora boa parte do filme consista em Dev sendo arrastado para situações desagradáveis e constrangedoras — como acampar no mato para ouvir os poemas de Trip, sofrer “pegadinhas” e, no geral, ouvir o filhinho de papai proferir inúmeros monólogos — gosto como o filme não “esquece” que ele mesmo se colocou nessa posição. Na verdade, as únicas coisa que justificam Dev continuar se submetendo ao convívio com Trip são ambição e carência. Ele gosta da atenção e de ter um “amigo” com tal status social. No fim das contas, ambos querem aprovação.

Tudo bem interessante, mas algumas coisas me incomodaram. O humor e o suspense se complementam em alguns momentos, mas em outros não harmonizam. No geral, o filme é melhor quando focado no suspense e no horror, como na boa introdução.

Outro ponto a considerar é o ritmo: algumas cenas se estendem mais do que o necessário, comprometendo a dinâmica geral. No campo dos diálogos tem alguns bons momentos e a maior parte do desenvolvimento dos personagens vem deles. Mas, em alguns momentos, ficam um tanto expositivos para meu gosto. Sou uma garota mais natural ;).

E por falar em diálogos, temos Mônica, a namorada de Dev (Olivia Rouyre). Me parece bastante consciente o esforço do filme em não reduzí-la ao papel de “namorada” — ela chega a realmente dizer que não é uma “namorada chata”, o que <<risos>> como eu disse, não sou muito fã dessa abordagem onde os personagens ficam se descrevendo —, mas falha (mesmo com a reviravolta no final). Porque meio que a sua função no filme é essa; sendo justa, não necessariamente de chata, mas de ser sempre a única sensata no ambiente. Literalmente todas as suas cenas no filme, consistem nela reclamando do comportamento do namorado ou se preocupando com ele.

Ainda assim, é um trabalho promissor. Kugelman demonstra real segurança na condução, especialmente nas sequências de maior tensão.

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