A Idol brasileira odiada (sem nem ter debutado)

Samara Siqueira, que é ex-participante do bootcamp do Now United e do programa de sobrevivência Dream Academy, foi anunciada como integrante do próximo grupo global da HYBE e vem sofrendo ataques de kpoppers por supostamente ser racista e sionista.

Quem é Samara?

Samara Henriques Siqueira Cunha nasceu no dia 11 de setembro de 2005 em São Paulo e canta desde a infância. Em 2021, ela representou o Brasil em um “bootcamp” do Now United, em que adolescentes de diversas partes do mundo participaram de um período de treinamento, a partir do qual a XIX Entertainmente selecionou novos membros oficiais para o grupo. Samara não conseguiu, mas em 2023 estaria em outro reality show. No Dream Academy, Samara ficou de fora do girl group, que viria a ser o hoje bem-sucedido KATSEYE, mas terminou entre as 10 primeiras colocadas e se destacou na dança e, principalmente, nos vocais.

Recentemente, Samara foi anunciada, juntamente como duas outras ex-participantes do Dream Academy — Lexie e Emily — como integrantes de um vindouro girl group. Assim como o Dream Academy, trata-se de uma parceria da HYBE com a Geffen Records. Haverá um reality show para escolher uma quarta integrante, selecionada entre competidoras japonesas. O projeto está sendo chamado de “PRELUDE: The Final Piece”.

Um ponto interessante sobre o novo grupo, é que a HYBE parece ter focado em integrantes que possam participar mais do processo criativo, já que Lexie e Samara compoem e Emily é coreografa. Além disso, para as audições das japonesas, a empresa enfatizou a preferência por moças que escrevam e entendam algo de produção musical.

Como o hate começou

O hate contra Samara começou durante o Dream Academy. O programa selecionou dezenas de candidatas do mundo todo e, por votação e avaliações dos jurados, formou o grupo KATSEYE em 2024 — um projeto que se pretende “global”, mas cujo line up final recebeu críticas por, apesar de etnicamente diverso, contém 4 integrantes estadunidenses.

A hostilidade online contra Samara começou entre os fandoms de outras participantes, especialmente Manon, já que ela e Samara eram as únicas negras na competição. Quando Samara passou a se destacar, especialmente depois de gravar um vídeo dançando com Kai do boy group TXT, os ataques ficaram intensos. Vale destacar que os ataques nada tem a ver com as outras integrantes (que também receberam/ recebem sua cota de hate).

Como munição principal do hate, estavam os likes que Samara havia dado em vídeos do TikTok. As principais acusações foram as seguites:

  • Sionista: Samara teria supostamente curtido vídeos pró-Israel. A verdade é que, dos quatro vídeos que ela curtiu sobre o assunto, dois são explicativos e dois contém um viés religioso-compiracionista. Apesar desses dois últimos serem duvidosos, não chegam a ser pró-Israel, ao menos não abertamente. Assim, é bem forçada as acusações de sionismo.
  • Racista: Samara também curtiu um vídeo que fazia piada com comidas de rua na India e falta de higiene. Esses vídeos são, de fato, racistas e xenofóbicos. Porém, é preciso entender que esse tipo de vídeo viralizou de forma absurda na internet brasileira e muita gente curtiu e compartilhou sem refletir sobre esse racismo disfarçado de humor.

Em ambos os casos, embora essas curtidas sejam de gosto duvidoso, não podemos esquecer que estamos falando de uma garota de 19 anos, que na época das curtidas devia ter 16. Talvez se ela se desculpasse, ajudasse a amenizar o hate, mas Samara está sob contrato com o Hybe, então não há como afirmar se ela não quis se pronunciar ou se ela não pode. Aliás, no KPOP não é incomum a mentalidade “fale mal de mim, mas fale de mim”, com empresas demorando a tomar alguma ação para proteger seus idols ou dar explicações, simplesmente porque o buzz faz com que o idol e seu grupo seja comentado. Já dizia o Aespa, real bad business, that’s dirty work. E a HYBE deve ser uma das empresas mais cretinas e inescrupulosas em termos de manipulação midiática.

Racismo e seletividade do cancelamento

No paragrafo anterior, falei que se ela se desculpasse, talvez o hate fosse amenizado, porque desaparecer não vai. Isso porque a maior parte dos ataques não vem de pessoas incomodadas com racismo, sionismo ou xenofobia. Prova disso, é que outros boatos foram criados, com direito a prints falsos, só para pintar a brasileira como vilã. Por exemplo, o boato de que ela curtiu postagens que falavam mal do KATSEYE.

Além disso, existe hipocrisia visível: kpoppers adoram se colocar como paladinos de causas políticas ou sociais, mas muitas vezes aplicam esse “ativismo” de forma seletiva — atacando certos idols por coisas pequenas, atitudes mal interpretadas ou metiras, enquanto protegem ou ignoram comportamentos problemáticos dos artistas que gostam.

Sse a motivação fosse genuinamente política, o alvo dessa fúria seriam as empresas, não os idols, muito menos uma que ainda nem debutou. O CEO dafilial americana da HYBE é, veja só, Scooter Braun, empresário sionista e conhecido no mundo da música pela falta de ética. E aí? O Kpopper, tão preocupado com o povo palestino, vai deixar de consumir os artistas da HYBE, incluindo KATSEYE e BTS? Insultar uma jovem idol por conta de curtidas no TikTok para parecer moralmente superior é mais fácil., não é mesmo?

Para deixar ainda mais óbvio que o que está acontecendo é bullying e nada tem a ver com preocupação social, parte dos ataques tem claro viés racista e xenofóbico.

O caso de Samara Siqueira é mais um caso no Tribunal de Minúsculas Causas, em que causas políticas e sociais sérias são esvaziadas online em prol de atacar determinados artistas mal saidos da adolescencia.

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