Estava eu em mais uma conversa longa e sem sentido com o Marc e comentávamos sobre a galera que reclama de atuações fracas em filmes de porradaria, como filmes do Jean Claude Van Damme ou do Bruce Lee. Não julgo, pois também já tive essa fase de achar que tinha que analisar todo e qualquer filme pelos mesmos critérios. Tenho até vergoinha de umas resenhas minhas aqui no blog, que parecem que eu estou com uma lista de tópicos para escrever, tipo: história, direção, elenco, etc, e os textos saiam super burocráticos.
Com a prática e a leitura de críticos com estilos variados, deixei de lado esses critérios fixos e passei a escrever sobre apenas quando realmente era um ponto que me chamava a atenção no filme, e não mais como uma obrigação. Isso porque acredito que é melhor analisar um filme dentro de sua proposta. O que não significa que determinado gênero está acima de críticas ou que argumentos como “filme pra criança é idiota mesmo” ou “é filme de ação, não precisa ser bom”, são válidos. O que quero dizer é que não vale a pena analisar um filme do Van Damme, por exemplo, pelos mesmos critérios que você analisaria, sei lá, um filme do Tarkovsky, porque são propostas inteiramente diferentes. Ou seja, dentro dessa categoria de “filmes de pancadaria”, você terá também os melhores e os piores, mas analisando por critérios do que seria bom ou não em um “filme de pancadaria”.
E, seguindo essa linha de raciocínio estava pensando que o mesmo vale para as atuações. Óbvio que Bruce Lee, Van Damme, Cynthia Rothrock ou Scott Adkins, entre muitos outros, não são bons atores dramáticos comparáveis a, por exemplo, Henry Fonda, Anthony Hopkins ou Vivien Leigh. Mas, a questão é: eles precisariam ser?
É bastante lugar-comum dizer que essa galera dos filmes de ação são péssimos atores ou nem são atores de verdade. Entretanto, pense só, nem todo bom ator dramático se sairia bem em uma comédia, nem todo ator está apto a cantar e dançar em um musical. Para mim, ser um ator-lutador é basicamente o mesmo: é preciso uma habilidade específica. O Anthony Hopkins não sabe Kung Fu… mas ele não precisa saber. Da mesma forma, sabemos que os atores-lutadores, em geral, não são grandes atores, ninguém espera vê-los encenando Shakespeare, porém, acho injusto dizer que não são talentosos. Tipo, você acha que qualquer um faz isso?
E isso aqui?
E mais isso?
Ou ainda isso?
Isso então?
Como vocês chamam isso?
Eu chamo de arte.
Em suas habilidades específicas, são todos grandes talentos. Até a próxima divagação e não deixem de ouvir o CFMC no Cinema sobre Leão Branco, com Van Damme