Blog do Marc – Sharivan faz 40 anos: Meus 10 Episódios Favoritos

Com o sucesso de Jaspion e Changeman, várias produções televisivas japonesas com super-heróis chegaram a televisão brasileira entre o final dos anos 80 e inicio dos 90. Uma delas foi Uchuu Keiji Sharivan (Sharivan: O Guardião do Espaço no Brasil). 


Primeiramente estreou em 1990 na Rede Bandeirantes onde teve uma exibição curta. Eu mesmo devo ter visto uns dois ou três episódios pois o sinal da hoje Band era péssimo em minha casa. Mesmo assim gostei do que consegui ver pois a ação e a trilha eram ótimas e o visual lembrava o Jaspion (que depois descobri ser posterior ao herói de armadura vermelha). Fui ver a série completa somente quando ela foi parar na Record por volta de 1993. Sharivan passou várias vezes no canal do bispo, inclusive junto com Jaspion no programa da loura Mariane. Ali me conquistou com sua mistura de ação, ficção científica, drama e, sim, horror. Sharivan tornou-se não só meu policial do espaço favorito mas também meu segundo herói favorito da franquia Metal Hero.


Sharivan é a segunda série da trilogia Uchuu Keiji criada pela Toei Company para se recuperar do desgaste das primeiras séries da franquia Kamen Rider. Essa trilogia teve início com Gavan (1982) que foi um enorme sucesso. Sharivan veio em 1983 com a missão de manter os indices de audiência elevados. Cada série acompanhava o policial do espaço da vez em sua missão para proteger a Terra de ameaças intergalácticas. A trama de Sharivan gira em torno do jovem Den Iga, que ajudou Gavan no final da série deste. Recuperado de ferimentos, Iga é designado para voltar a Terra para combater a organização MAD (que não tem nada a ver com Alfred E. Neuman). Sharivan é um upgrade de Gavan e a entrada definitiva da Toei nos anos 80, definindo estilo e visuais que perdurariam pelas séries posteriores.


Não gosto muito de usar o termo mas Sharivan é a série mais “sombria” da trilogia. O vilão principal, Maoh Psych, é ótimo e seus poderes de alucinação o tornam mais marcante do que os chefões das outras séries da trilogia. O restante do time de vilões também é interessante e vai crescendo quando intrigas e picuinhas começam a ser alimentadas com a entrada do sinistro Leider. Os monstros também são mais bem definidos com visual e movimentos mais bestiais. Soma-se a isso a influência flagrante de grandes clássicos de Hollywood como O Exorcista e Encurralado nos episõdios.


O protagonista Hiroshi Watari está muito bem no papel do corajoso e determinado Den Iga. Embora não tenha o mesmo destaque que as parceiras dos outros policiais do espaço, Lili, interpretada pela belissima Yumiko Furaya, é a única que realmente convence ao atuar como detetive e também é a que mais varia no guarda-roupa (talvez as roupas fossem da própria atriz, risos). Até o alivio cômico que vem de Gavan, Kojiro, funciona melhor aqui com sua obsessão por discos voadores. Não bastasse isso,  Sharivan é a mais sólida das 3 séries com um competente desenvolvimento da trama principal que funciona de fio condutor, a restauração do planeta de origem do herói, que culmina em um dos melhores arcos finais das séries do gênero exibidas no Brasil.

Well, Sharivan está completando 40 anos de sua estreia na televisão japonesa e eu não poderia deixar esse aniversário passar em branco. Então vou listar aqui meus 10 episódios favoritos:


10 – Ameaça de Morte à Tenista (episódio 22)

Mad planeja levar pessoas famosas ao suicidio visando influenciar seus fãs a seguir pelo mesmo caminho. Seu principal alvo é a tenista Jun Hanai (interpretada por Akiko Hayasaka que quase foi a Goggle Pink de Goggle Five 1 ano antes). A grande Machiko Soga atua como a forma humana do monstro Shinigami Beast


9 – Quem Sou Eu? (episódio 7)

A jovem Satiko Osawa é possuída pelo monstro Double Beast. Curto esse episódio pela clara referência ao clássioco O Exorcista (1973). Por falar em referências, uma de suas cenas foi rapidamente reciclada no episódio 32 de Kamen Rider Black



8 – A Melodia de Yoko (episódio 5)

Tokio é um dos jovens transformados em espers de Mad. Sua namorada, Yoko também fz parte desse grupo e finge amnésia para escapar da influência dos vilões. No papel de Tokio temos Hiroshi Tokoro que seria anos mais tarde o protagonista Naoto Tamura em Jiban. Falando em Jiban, Tokoro se reencontra nessa série com a interprete de Yoko, a belissima Rieko Yoshikawa, no episódio Pérola, a Moça do Além. Tanto esse episódio do policial de aço quanto A Melodia de Yoko tem final trágico.

 

7 – Operação Laranja (episódio 32)

Talvez o episódio mais bizarro da série onde Sharivan tem que lidar com uma garota vítima de um plano de Mad envolvendo laranjas (!) que visa a transformação de crianças em monstros. Tem até o uso de música sacra para dar aquele clima tétrico. Para melhorar na versão brasileira o grande Gilberto Baroli dubla o monstro da vez

6 – A Verdadeira Força é o Amor (episódio 13)

Sharivan quer salvar um jovem boxeador manipulado por Mad. O desfecho do embate do herói com o lutador e  na sequência a chegada do grandalhão Toshimichi Takahashi, como a forma humana do monstro Boxer Beast, é cinema

5 – A Perigosa Melodia (episódio 16)

Episódio triste e melancólico no qual cantora de sucesso perde sua voz por causa de uma doença e se suicida no mar. Mad a ressuscita através de uma cirurgia para usar sua voz e música para hipnotizar os jovens e torna-los agressivos.

4 – Convite ao Mundo Espiritual (episódio 34)

Primeira aparição de Leider, um sinistro feiticeiro que quase leva Sharivan a morte. Episódio cheio de cenas emblemáticas mergulhando fundo em um clima de horror que nem Kamen Rider Black, considerado o tokusatsu mais sombrio pelos fãs, chegou perto em qualquer um de seus episódios. A cena do caixão é maravilhosa


3 – O Ataque ao Grand Bus (episódio 21)

Lili pensa está sozinha na nave Grand Bus e aproveita para por a leitura em dia e tomar literalmente um banho de beleza, mas um visitante indesejado está por ali. Esse aqui gosto muito pela referência de Alien e porque finalmente temos Lili se destacando. Esse episódio foi meio que reciclado depois em Sheider e Spielvan.



2 – O Fugitivo (episódio 27)

Não, o fugitivo não é o doutor Richard Kimble mas Mario (que Mario?), um fugitivo da Penitenciária de Mad que tem o mesmo tipo de sangue de Sharivan. Um episódio sobre amizade, fratenidade e confiança e que também termina de forma trágica.


1 – Raio Solar, Super Energia (episódio 51)

Sharivan e Gavan unidos para confrontar Mad e a revelação da verdadeira identidade do chefão Maoh. Um dos melhores finais de séries tokusatsu de todos os tempos.



Menções honrosas:


15 – A Ilha da Fortaleza – Episódio que continua uma trama de Gavan, com participação deste e também de sua amiga Tsukiko. Vários personagens de Gavan aparecem em flashback

19 – A Misteriosa Ilha – Inicia a principal trama de Sharivan

36 – Os Dois Guerreiros Espaciais– Chegam a dupla Helen e Willy Bell



38 – Traição no Castelo da Alucinação – Leider começa a espalhara discórdia no Castelo da Alucinação

43 – As Lágrimas de Amor de Mãe e Filha – Um episódio com fantasma

14 – Enigmática Herança – Episódio sensível com a terceira idade


48 – Mimi – Episódio que traz de volta a dupla Gavan e Mimi. Ela é raptada por Mad que planeja casá-la a força com o General Gailer para atingir o papai dela que é o comandante da policia galática. Aqui a série começa a entrar na reta final

26 – A Volta da Paz no Parque – Um episódio no estilo “filma a cena de ação que você quiser aí, diretor’. Bem divertido

25 – Na Marca dos Poderosos – Tem um plano diferenciado de Mad que eu curto. Eles começam a extorquir milionários com dividas de jogo

44 – Cinderela dos Sonhos – Outro episódio para Lili brilhar

02 – A Nova Cidade – Toca duas as vezes a bgm da espada laser que é muito foda.


 Uma pena que eventos e canais dedicados ao gênero não celebrem os 40 anos do Detetive Espacial como ele merece, mesmo com seu protagonista vindo ao Brasil pela enésima vez. Tudo bem que Hiroshi Watari é mais conhecido pelo público civil com o papel de Boomerman de Jaspion mas os especializados no tokusatsu com certeza sabem que o papel da vida do cara foi Sharivan. Mas é aquilo, né? Não passou na Rede Manchete.


Enquanto aguardamos o já anunciado relançamento de Gavan pela Sato Company, podemos torcer para que o guardião do espaço também tenha seu merecido retorno por meios oficiais ao Brasil. Toda a trilogia dos policiais do espaço voltando, dessa vez na ordem correta de exibição, seria bacana demais.

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