Nudo e Selvaggio/Massacre in Dinosaur Valley
Direção: Michele Mássimo Tarantini
Elenco: Michael Sopkiw, Suzane Carvalho, Milton Rodrigues, Marta Anderson, Glória Cristal, Ibanez Filho, Jofre Soares, Carlos Imperial
Brasil/Itália, 1985
Já imaginou um filme com um roteiro que mistura Tudo por uma Esmeralda (aquela aventura dirigida por Robert Zemeckis e estrelada por Michael Douglas e Kathleen Turner, que passava direto na Sessão da Tarde), os filmes canibais italianos e a pornochanchada brasileira? pois bem, essa bagaça existe e chama-se Perdidos no Vale dos Dinossauros, uma co-produção italiana e brasileira bem da picareta.
O tal Vale, localizado, vejam só, na Amazônia, é onde um avião com um grupo de pessoas vai cair. Nesse grupo estão: o aventureiro americano Kevin (um Indiana Jones dos pobres), um paleontólogo e sua filha, um veterano do Vietnã (hahaha) e sua esposa alcoólatra, e ainda um fotógrafo e duas belas modelos. Essa galera vai lutar pela sobrevivência fugindo de uma tribo de índios que comem o coração dos inimigos e veneram um deus dinossauro (hahaha). Fora isso, vão encarar rios cheios de piranhas, areia movediça e garimpeiros violentos liderados por Carlos \”Vem quente que eu estou fervendo\” Imperial! A coisa promete.
Embora tenha até algumas piadinhas de vez em quando, a bagaça se leva a sério na maior parte do tempo sendo sabotada o tempo todo pelo fator trash da produção mambembe e da direção inepta. Temos então uma daquelas obras tão, mais bota tão nisso, toscas que acabam ficando mais engraçadas que algumas comédias que fazem por ai e não consegue arrancar nenhum riso.
A cena da queda do avião por exemplo, é hilária. Simplesmente atiram um brinquedo no chão, enquanto o elenco finge desespero dentro de um cenário tão ridículo quanto aquela cabine de piloto do Plano 9 do Espaço Sideral do Ed Wood. Ainda tem a \”areia movediça\”, onde o clone de Elke Maravilha afunda, que é simplesmente um buraco cheio d\’água, a tribo reduzida de índios e todos aqueles estereótipos comuns em filmes estrangeiros que retratam o Brasil, principalmente longas bagaceiros como esse aqui.
Obviamente você não deve levar a sério isso aqui de jeito nenhum. Perdidos no Vale dos Dinossauros só pode ser encarado como comédia. É um Tudo por uma Esmeralda mais sacana e precário. Uma comédia involuntária cuja picaretagem começa pelo titulo. Não há nenhum dinossauro no filme, mas apenas o que seria o esqueleto da cabeça de um deles que o xamã da tribo usa como máscara e algumas ossadas que o protagonista encontra pelo caminho.
Apesar do filme ser uma diversão trash, ele é tão mal dirigido que falha até em algumas de suas propostas. As cenas violentas não impressionam em momento algum com sua tensão zero. Como um legitimo exploitation/pornochanchada, ele até explora os corpos femininos sem pudor, mas as cenas de sexo quase não existem (apenas uma cena de lesbianismo é mostrada, que perde feio para uma que assisti recentemente na pérola Onda Nova, estrelando Vera Zimmermann. Outra só ameaça acontecer e uma é cortada para a entrada de outra cena).
Acredite se quiser, essa pérola chegou a ser lançada em DVD nos Estados Unidos com o pomposo título de Massacre in Dinosaur Valley (hahaha). Foi também por um bom tempo (ele teria reaparecido em algumas produções mais recentes) o último trabalho do protagonista Sopkiw. Entendo o cara quase desistir de atuar depois dessa.
Mas o destaque- ou curiosidade maior do elenco- é mesmo a bela Suzane Carvalho. Depois de atuar em novelas da Globo (e humorísticos como Chico Anísio Show e Agildo no País das Maravilhas), e protagonizar esse filme e ainda o posterior Fêmeas em Fuga (hahaha), do mesmo diretor, ela tornou-se piloto de automobilismo. Começou no Kart em 1989, e em 1992 foi campeã brasileira e sul-americana da Categoria B da Fórmula 3, sendo a primeira vez na história do automobilismo mundial que uma mulher conquistou um título na Fórmula 3. Com esse feito Suzane entrou para o Guinness
Enfim, se você curtir assistir uma tosqueira, vale uma olhada curiosa nessa inacreditável co-produção ítalo-brasileira, capisce?