Cine Tranqueira – Sem Aviso

Without Warning
Direção: Greydon Clark
Elenco: Jack Palance, Martin Landau, Tarah Nutter, Christopher S. Nelson, David Caruso, Cameron Mitchell, Kevin Peter Hall.
EUA, 1980
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Acabou o Oscar e eu posso enfim voltar a resenhar sobre bagaças desconhecidas do grande público. E que tal marcar o retorno da nossa coluna com aquele filme sobre um caçador alienígena que vem a terra caçar seres humanos, matando-os e pendurando-os numa espécie de matadouro?

“Cara, cê tá maluco? Esse é O Predador”.

Digo-te não. Estou falando de Without Warning (batizado por aqui de Sem Aviso), filme que teria influenciado John Mctiernan & cia a fazer melhor com O Predador (1987).

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O filme começa com um irritante caçador (vivido pelo veterano Cameron Mitchell, figurinha carimbada em várias bagaceiras dos anos 80 como o crááássico Deadly Prey) levando um contrariado filho bigodudo, um Magnum loiro com aparentemente uns 40 anos, para caçar. O alien desse filme não é muito exigente como o Predador, que só caçava sujeito fodão, e faz suas duas primeiras vitimas.

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Mais tarde passam pelo território de caça um inacreditável grupo de escoteiros. Curiosamente o monstro deixa as crianças fugirem na boa e só fica com o chefe do grupo, que tentou, minutos antes, fazer fogo usando pedras para acender um cigarro,  já que não dispunha de um isqueiro.

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Se o Predador tem um incrível aparato tecnológico, nosso monstro aqui dispõe de uns serzinhos, parecidos com a boca do Predador, que ele lança como os ninjas lançam aquelas estrelinhas shurikens em suas vitimas. Depois ele as leva para a cabana abandonada que usa como base, deixando-as penduradas por lá no melhor estilo Leatherface no Massacre da Serra Elétrica original. Ao contrário do Predador, o bicho aparentemente mata para comer (talvez ele tenha deixando as criancinhas de lado porque achou que não tinham muita carne).

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Com a chegada dos nossos protagonistas, o filme ganha ares de Sexta-Feira 13 e suas incontáveis imitações. Temos então um quarteto de adolescentes, vividos por atores quase nos trinta, procurando um lugar para transar (um deles é um jovem David Caruso que viria a estrelar a série Nova Iorque Contra o Crime anos mais tarde).

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Um velho caçador (Jack Palance) avisa do perigo que eles correm acampando em determinado lugar. Se eles levassem o aviso a sério, não teríamos filme…

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Without Warning não chega em um nível Plano 9 do Espaço Sideral de comédia involuntária, mas tem seus momentos, principalmente no inicio e no final. Existem, no entanto, alguns momentos de competência como a cena no bar, a descoberta da cabana e mesmo todo o suspense em torno do monstro (muitas vezes a câmera vira a visão do monstro, por exemplo). Pena que tudo vai por terra novamente com o ridículo final. O diretor Greydon Clark esconde o monstro durante boa parte do filme, mas, infelizmente, resolve mostrar o bicho com todos os detalhes nos momentos finais.

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Caramba, se Ridley Scott manteve o seu xenomorfo nas sombras durante todo o Alien original, custava o senhor Clark ter feito o mesmo com seu alien cabeçudo? O bicho (com Kevin Peter Hall, que seria o próprio Predador em 1987) parece uma versão live action daquele tal de Megamente. Um bonecão de Olinda que mal pode se mover porque, provavelmente, a cabeçona cai.

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A fotografia, do competente Dean Cundey (colaborador habitual de John Carpenter) tenta nos fazer esquecer que estamos vendo uma tremenda de uma tralha e quase compensa a direção sem muita imaginação de Greydon Clark, que entrega um filme monótono na maior parte do tempo. Clark tem no currículo alguns exploitations menos badalados e aquela que deve ser sua obra mais…hã…conhecida: Lambada, a Dança Proibida (estrelado por Laura Harring bem antes de adentrar territórios lynchnianos em Cidade dos Sonhos). Além de Jack Palance e Cameron Mitchell no elenco, outro veterano que aparece também é Martin Landau. Ei, as contas precisam ser pagas.

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Well, vale a pena assistir tal obra? Vale pela curiosidade de ver como isso aqui influenciou o filmão clássico da testosterona que é O Predador. Está tudo lá nos diálogos do personagem Jack Palance com a mocinha Tarah Nutter na sequência final da bagaça (impressionante como o velho deduz magicamente tudo sobre o alienígena). Se você é daqueles que não fica só nos cine-belas-artes da vida e curte uma podreira de vez em quando, recomendo.

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