Nirvana
Direção: Gabriele Salvatores
Elenco: Christopher Lambert, Diego Abatantuono, Stefania Rocca, Emmanuelle Seigner, Sergio Rubini
Itália, 1997
Não, não é um filme sobre a banda de Seattle.
“No Budismo, o significado de nirvana é o estado de libertação atingido pelo ser humano ao percorrer sua busca espiritual. O termo tem origem no sânscrito, podendo ser traduzido por “cessação do sofrimento”.
Dirigido por Gabriele Salvatores, de Mediterrâneo (1991), Nirvana não é indicado para quem acha que filmes de ficção-cientifica tem que ser também filmes massavéio, com cenas de ação exageradas. É um longa italiano de baixo orçamento com um roteiro inteligente e filosófico, que não deve nada ao primo rico Matrix (feito dois anos depois).
Com bastante referências de Neuromancer, clássico da literatura Cyberpunk, de William Gibson (que também inspirou Matrix), Nirvana conta a história de Jimi (Christopher Lambert). Programador de videogames, ele está fazendo os últimos acertos em um novo jogo, chamado Nirvana, quando um vírus entra no computador e afeta o herói do jogo, Solo, que adquire consciência e fica furioso ao saber que será forçado a viver sempre a mesma história.
Sensibilizado, Jimi resolve entrar no computador central da empresa que detém os direitos do jogo e cancela-lo, ao mesmo tempo em que busca descobrir o paradeiro da esposa que o abandonou. Para Solo, preso em um mundo em que não criou, o nirvana é o game over eterno, o cancelamento do jogo, enquanto que o de Jimi (também preso em um mundo que não criou?), seria encontrar a esposa que o deixou e a libertação de Solo.
Nirvana estreou nos cinemas brasileiros numa época que Christopher Lambert já estava em baixa e seu nome não chamava ninguém para o cinema. Me lembro que uma critica de Nelson Hoineff, publicada em um jornal da época, me surpreendeu pela cotação alta dada ao filme. COMO?! UM FILME BOM COM CHRISTOPHER LAMBERT ? hehehe. Mesmo assim, só fui ver o filme quando passou anos depois na TV Record. E gostei muito. Hoje tenho o DVD baixa renda lançado nas bancas pela NBO, que também pode ser encontrado no bacião de ofertas das Lojas Americanas.
Nirvana tornou-se uma de minhas ficções-cientificas favoritas. É um filme que se importa mais em questionar a vida, a existência diante do universo do que em entregar cenas de ação. Muita gente vai reclamar da lentidão, como fazem com outros geniais longas do gênero como Blade Runner e 2001…enfim, é pra quem realmente curte o gênero e não pra quem só assiste Matrix (que eu também gosto muito), Equilibrium (que eu não gosto nada) e outros, procurando somente por cenas de ação mirabolantes.
Christopher Lambert, canastra como sempre, não compromete e deixa Diego Abatantuono roubar facilmente a cena como o herói Solo, com um padrão estético bem diferente dos heróis de videogames. Emmanuelle Seigner aparece belíssima e melancólica no papel da esposa de Jimi.
Mas o maior destaque no elenco pra mim é a linda Stefania Rocca, com seus cabelos azuis, na pele da programadora Naima.
Vale destacar também a inspirada direção de arte e as saídas criativas para driblar o baixo orçamento e apresentar uma interessante visão futurista de mundo globalizado, como também vimos em Blade Runner, e a trilha sonora bacana, que também reflete essa visão de Salvatores.
Fique com o som que toca nos créditos finais:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=feOoixPqZv4]
E fica a dica para quem procura um filme filosófico, ou simplesmente, viajado.