Critica – Esquadrão Relâmpago Changeman (1985-1986)

Esquadrão Relâmpago Changeman completa 40 anos!

Exibida originalmente pela TV Asahi a partir de 2 de fevereiro de 1985, foi a segunda série mais longa da franquia Super Sentai, com 55 episódios, ficando atrás apenas da pioneira Goranger, que contou com 84 episódios. No Brasil, Changeman chegou poucos anos depois, através de fitas VHS e da exibição na Rede Manchete, marcando a infância de muita gente, incluindo a minha.

Changeman consolidou mudanças que já vinham ocorrendo na franquia em séries anteriores. Dynaman (1983), por exemplo, inovou no visual ao introduzir os trajes de spandex para os heróis, enquanto Bioman aprofundou o desenvolvimento da trama e dos personagens, tanto heróis quanto vilões, em um esforço inédito no gênero. Changeman aproveitou o que funcionou nessas inovações e levou adiante, abordando temas de sacrifício, lealdade e união dos povos, além de equilibrar o humor e a ação com maestria.

Os cinco heróis protagonistas de Changeman estão entre os personagens mais bem desenvolvidos da franquia. Change Dragon (Tsurugi), Change Griffon (Hayate), Change Pegasus (Ozora), Change Mermaid (Sayaka) e Change Phoenix (Mai) possuem personalidades distintas, que são exploradas ao longo de toda a série, criando momentos memoráveis, sejam de risadas ou de discussões intensas. Eles se ajudam, mas também discordam, mostrando uma dinâmica de grupo mais realista. Diferente do clima de superamigos visto em Goggle Five (1982) e outras séries anteriores, Changeman apresenta alguns dos heróis mais humanos do tokusatsu.

A história de Changeman começa quando o temível Império Gozma, liderado pelo bizarro Bazoo, decide conquistar a Terra. Para combatê-los, cinco jovens soldados são recrutados durante um rigoroso treinamento militar. Eles são escolhidos e atingidos por uma misteriosa energia conhecida como Força Terrena, que lhes concede habilidades especiais. Com esses poderes, eles se transformam nos Changeman, os defensores do planeta contra a ameaça de Gozma.

Os vilões de Changeman são um dos grandes destaques da série. Eles não são simplesmente maus; muitos tiveram seus planetas conquistados por Gozma e agora obedecem às ordens de Bazoo por medo, espalhando a mesma dor que um dia sofreram. Alguns, como a Rainha Ahames e o Comandante Giluke, exibem uma personalidade verdadeiramente perversa, enquanto outros, como Gata e Shima, mostram-se capazes de redenção. Já o pirata espacial Buba é guiado por um rígido código de honra pessoal. Essa complexidade nos vilões adiciona camadas emocionais à trama, resultando em ótimos arcos de desenvolvimento e desfechos inesquecíveis.

Outro ponto interessante no time do mal em Changeman são os monstros da semana. Eles são alienígenas que servem ao Império Gozma por vontade própria ou por medo. Eles não apenas falam, mas também possuem personalidades distintas, o que os torna personagens memoráveis. Enquanto alguns seguem Bazoo contra a própria vontade, outros são cruéis por natureza, criando uma grande variedade de adversários. Isso resulta em personagens marcantes, como Ross, Zonos, Drácula e o Pirata Espacial Hawker. Um destaque especial vai para os Monstros Espaciais Giza, Jella e Savoo, servos da Rainha Ahames, que, junto com o dragão voador Yangueran, aparecem após a vilã receber novos poderes. Eles antagonizam em uma das melhores sagas da série, carregada de conflitos emocionais para os heróis, que se desenrola do episódio 32 ao 36.

Vale mencionar que os Changeman contam com um excelente time de coadjuvantes que enriquecem ainda mais o desenvolvimento dos dramas e das personalidades dos heróis. Entre eles, destaca-se o Sargento Ibuki, que possui um passado misterioso, e a garota Nana, que traz uma dose de sensibilidade à trama. A família Gata também adiciona profundidade emocional, mostrando um lado mais humano até mesmo entre os vilões. Outro destaque é Ayra, interpretada pela bela Yoko Nakamura, que no ano seguinte daria vida à Sara / Yellow Flash em Flashman. Apesar de aparecer em apenas um episódio (45), ela desempenha um papel muito importante na história de Tsurugi.

As cenas de ação e as coreografias de luta em Changeman seguem o estilo estabelecido por Bioman. No entanto, os efeitos especiais deixam um pouco a desejar, especialmente no episódio final, o que faz com que algumas vezes pareçam inferiores às da série anterior. O robô gigante, por exemplo, tem um design um tanto simples, mas isso é compensado pelo excelente visual dos vilões e monstros, que são criativos e marcantes. Além disso, a trilha sonora é uma das mais empolgantes já feitas.

Revi Changeman duas vezes recentemente (primeiro na exibição pela Bandeirantes e depois em um canal no YouTube) e posso afirmar: essa série não merece ser lembrada apenas pela nostalgia, mas também pela qualidade de sua narrativa e pelos personagens carismáticos. Embora possa não ser a melhor série da franquia para todos — afinal, o gosto pessoal conta muito (minha favorita, por exemplo, é Flashman) — é inegável que Changeman é uma das produções mais bem trabalhadas do gênero. Merece ser celebrada por todos os fãs de Super Sentai.

Cotação: