
Título: | Profissão: Perigo |
Título Original: | MacGyver |
Showrunner: | Lee David Zlotoff |
Direção: | Charles Correll, William Gereghty, Michael Vejar, Michael Caffey, Cliff Bole, Michael Preece, James L. Conway, Alexander Singer, Paul Krasny, Chuck Bowman, Alan Smithee, Don Chaffey, Dana Elcar e outros |
Roteiro: | Lee David Zlotoff, John Sheppard, Rick Drew, Chris Haddock, Chris Haddock, Paul B. Margolis, Art Washington, Marianne Clarkson, Kerry Lenhart, John J. Sakmar, Stephen Kandel, Stephen Kronish, Rob Hedden e outros |
Elenco: | Richard Dean Anderson, Dana Elcar, Bruce McGill, Robin Mossley, Elyssa Davalos, Michael Des Barres, Teri Hatcher |
País: | EUA |
Ano: | 1985–1992 |
MacGyver é uma série leve e divertida, com um protagonista heroico até o último fio do seu inconfundível mullet
MacGyver foi uma das séries mais marcantes da infância de muita gente — inclusive a minha. Foram sete temporadas exibidas nos Estados Unidos entre 1985 e 1992. No Brasil, chegou em 1986, em uma segunda-feira à noite, pela Rede Globo, substituindo o Viva o Gordo, de Jô Soares, se não me engano. Recebeu o título de Profissão: Perigo e ganhou uma vinheta criada pela própria emissora, que usava um trecho de Tom Sawyer, do Rush. No entanto, esse título nunca pegou de verdade, e todo mundo acabou se referindo à série simplesmente como MacGyver, que também era o nome original da produção.
Mais tarde, Macgyver passou a ser exibida nas tardes de domingo na Globo, até ser substituída pelo Domingão do Faustão. Não sei ao certo quantas temporadas foram transmitidas, mas me lembro do enorme sucesso que fez. Tenho certeza de que assisti a episódios até pelo menos a terceira temporada. Anos depois, teve uma breve passagem pela Band.

Bem, já faz um tempo que a Pluto TV adicionou um canal que exibe as aventuras de MacGyver 24 horas por dia e também disponibilizou os episódios on demand. Como de costume na plataforma, o áudio original não está disponível, mas pelo menos a clássica dublagem brasileira foi mantida. Assim, MacGyver continua com a voz de Garcia Júnior, exceto em alguns episódios da terceira temporada, em que foi substituído por Júlio Cézar Barreiros — a voz do Indiana Jones. Curiosamente, ele e Garcia dividiram a dublagem de alguns trabalhos do Harrison Ford na época. Enfim, isso só aumentou a sensação de nostalgia enquanto eu revia todos os episódios (com exceção da segunda parte de Legend of the Holy Rose, que simplesmente sumiu).

MacGyver (Richard Dean Anderson) é um agente secreto bem diferente de James Bond — embora os primeiros episódios seguissem a fórmula dos filmes de 007, começando com uma missão inicial que, geralmente, não tinha relação direta com a trama principal. Seu maior diferencial é que ele não usa armas de fogo (com exceção de um breve momento no episódio piloto). Tranquilo e carismático, MacGyver é um expert em ciência e prefere usar qualquer material disponível ao seu redor para resolver os desafios que surgem, tipo vedando um vazamento de material tóxico com chocolate. Esse estilo inovador era um grande atrativo na época, especialmente em um cenário dominado por heróis de ação como Rambo e Braddock, que preferiam atirar primeiro e perguntar depois. Em vez de uma bazuca, ele não separava de seu canivete suíço.

Nos primeiros episódios, MacGyver trabalha em missões para uma agência não especificada do governo dos Estados Unidos. Com a Guerra Fria ainda em alta, ele atuava praticamente como um espião, infiltrando-se em países comunistas e outros territórios hostis. Posteriormente, a Fundação Phoenix foi introduzida, e MacGyver passou a ser o agente convocado pela organização para resolver qualquer tipo de problema. Foi nesse período que ele ganhou um chefe e melhor amigo, Peter “Pete” Thornton (interpretado por Dana Elcar, que já havia aparecido no episódio piloto interpretando outro personagem).

A partir da terceira temporada, o tom da série mudou um pouco. A guerra esfriou de vez e MacGyver deixou de ser apenas um agente secreto para assumir o papel de um verdadeiro “amigão da vizinhança”, envolvendo-se em questões sociais e ambientais, além de ajudar amigos e conhecidos em situações complicadas. Embora os episódios iniciais tivessem seu charme, com mais locações e cenas de ação, confesso que gosto bastante dessa fase do personagem. Ele podia ser jogado em qualquer situação, desde treinador de time de hóquei a piloto de corrida, e até voluntário em um abrigo para jovens. Ele ainda desmascarou falsos alienígenas e teve experiências com a vida após a morte. Essa imprevisibilidade me agradou.

A série também tem uma boa construção de personagens. O fato de MacGyver evitar armas de fogo e preferir resolver suas missões sem recorrer à violência não surgiu do nada. Essa escolha tem uma origem marcante: na infância, ele perdeu um amigo em um acidente trágico enquanto brincavam com um revólver. Outro exemplo do cuidado com os personagens foi a adaptação da vida real para a ficção. Quando Dana Elcar começou a desenvolver glaucoma, a série incorporou essa condição ao seu personagem. Além disso, a produção teve um desfecho interessante. No episódio The Stringer, MacGyver descobre que tem um filho já adulto, dando um toque inesperado e emocional ao encerramento.

MacGyver também conta com um arqui-inimigo memorável: Murdoc (interpretado por Michael Des Barres), um assassino de elite que nunca falhava em suas missões — até cruzar o caminho de Mac pela primeira vez. A partir daí, Murdoc se torna uma verdadeira pedra no sapato do protagonista, sempre protagonizando mortes espetaculares… apenas para retornar mais tarde. Ele é membro de uma organização internacional de assassinos e, com seu estilo exagerado e teatral, chega a beirar o caricato, quase como um vilão de desenho animado.

Muitas caras famosas passaram por MacGyver. Entre elas, o eterno Freddy Krueger, Robert Englund, e o veterano James Hong. Alguns atores que fizeram participações na série viriam a se tornar mais conhecidos posteriormente. Bruce McGill, por exemplo, se tornou um dos coadjuvantes mais requisitados de Hollywood, com papéis em filmes como O Último Boy Scout e Colateral. No entanto, minha primeira lembrança dele é como Jack Dalton, um aviador trapaceiro e velho amigo de MacGyver, sempre envolvido em esquemas fracassados de enriquecimento rápido que acabam puxando o protagonista para o meio da confusão.

Teri Hatcher (a Lois Lane mais gata de todas) também teve um papel recorrente na série. Ela interpretou Penny Parker, uma jovem atrapalhada e tagarela que aparece pela primeira vez no episódio Every Time She Smiles, ainda na primeira temporada. Como era de se esperar, Penny tem o talento especial de colocar MacGyver em enrascadas. Outros nomes que marcaram presença na série incluem Cuba Gooding Jr. e Tia Carrere, interpretando mais de um papel ao longo das temporadas.

Assim como o icônico tema de abertura composto por Randy Edelman, MacGyver é uma série leve e divertida, com um protagonista heroico até o último fio do seu inconfundível mullet. Um tipo de heroísmo que faz falta nos dias de hoje. Mesmo após tantos anos, continua sendo ótima de se assistir.
Cotação:


Cinema, música, tokusatsu e assuntos aleatórios, não necessariamente nessa ordem