Sukeban deka resenha

Crítica – Sukeban Deka (1985)

Sujekan deka crítica
Título:Sukeban Deka
Título Original:Sukeban Deka
Produção:Toei
Direção:Hideo Tanaka, Tarou Sakamoto, Michio Konishi
Roteiro:Shinji Wada
Elenco:Yuki Saitô, Kôji Naka, Hiroyuki Nagato, Sei Hiraizumi, Yasuko Endô, Natsumi Asano, Hitomi Takahashi
País:Japão
Ano:1985

Sukeban Deka traz Nikita colegial e muita ação

Recentemente, participei de um episódio do podcast Ponto Cego, do meu amigo Tiago Miranda, onde discutimos dois filmes estrelados pela atriz Etsuko Shihomi. Falamos sobre como ela teve que dividir o protagonismo de seus filmes com atores, evidenciando que o machismo no Japão ainda impedia uma mulher de ser a estrela absoluta de um filme de ação nos anos 70, mesmo quando ela se destacava no gênero. Sukeban Deka não sofre desse problema. Nessa série de 1985, o protagonismo é feminino do início ao fim.

Quando conheci essa produção por meio de páginas de tokusatsu nas redes sociais, seu conceito me atraiu imediatamente. Sempre gostei de filmes de ação protagonizados por mulheres, e a ideia de uma estudante delinquente armada com um ioiô de metal, a serviço de uma organização secreta para combater o crime nos bastidores das instituições escolares, é simplesmente badass. Além disso, alguns elementos me lembraram a produção francesa Nikita (1990) e seu remake americano, A Assassina (1993), devido a premissa de uma jovem delinquente recrutada por uma agência governamental para atuar disfarçada, sob a supervisão de um homem mais velho, vestido com terno.

Sukeban Deka é baseada em um mangá escrito e ilustrado por Shinji Wada. A obra foi publicada originalmente na revista Hana to Yume de 1975 a 1982 e compilada em 22 volumes. A protagonista da série é Saki Asamiya, uma jovem cuja mãe foi acusada de assassinar o próprio marido e condenada à pena de morte. Para tentar salvá-la da execução, Saki aceita se tornar uma Sukeban Deka — uma Detetive Delinquente. Sob a supervisão de Jin Kyouichiro, ela recebe a missão de se infiltrar em colégios para investigar crimes cometidos tanto por administradores quanto por alunos. Em vez de uma pistola, sua arma é um ioiô de metal, que não apenas serve para combate, mas também funciona como seu distintivo oficial, marcado com a imagem de uma flor de cerejeira — um símbolo que faz seus inimigos tremerem nas bases.

A grande beleza de Sukeban Deka é que, apesar de sua premissa inusitada, a série nunca recai para o lado da comédia. Tudo é tratado com seriedade, mantendo um tom sombrio e intenso. Fortemente influenciada pelo cinema policial e de ação, a trama traz tiroteios, esfaqueamentos, explosões e mortes, sem qualquer garantia de que a protagonista chegará viva ao final da saga. Saki Asamiya, interpretada pela cantora idol Yuki Saito, raramente sorri. Implacável na maior parte do tempo, ela encara seus oponentes com uma expressão praticamente inalterável — uma verdadeira Steven Seagal de saias longas.

Sim, as colegiais usam saias bem longas, evitando qualquer sexualização que poderia ser esperada de uma produção japonesa, mesmo sendo feita para a TV. Sukeban Deka também evita explorar romances, apesar de Sanpei Nowaki, um dos alunos da escola, sentir-se atraído por Saki e insistir em acompanhá-la. O foco da série está inteiramente na ação e no drama.

Sukeban Deka não busca qualquer realismo. Suas tramas são extremamente exageradas, dando a impressão de que estudar no Japão pode ser uma experiência brutal. No entanto, é justamente essa recusa em se prender à realidade e a entrega total ao estilo exagerado de um anime/tokusatsu que fazem o grande charme da série. A história se divide em duas fases. A primeira segue um formato mais episódico, como era comum nas produções tokusatsu da época. Saki se infiltra na escola Takanoha-Gakuen e em outras instituições para resolver diferentes casos. Ela também apresenta um discurso repetitivo para os criminosos em cada episódio, algo semelhante ao que Jiban fazia em sua série. No entanto, o discurso de Saki é mais… digamos, filosófico, e não tão extenso quanto o do Policial de Aço.

Já na segunda fase, a trama se torna mais novelesca, com a introdução de um grupo de antagonistas fixos: as irmãs Mizuchi, filhas de um milionário corrupto com ligações ao passado de Saki e sua mãe. Inicialmente uma dupla, o grupo cresce e se torna um trio, com Remi Mizuchi, a irmã mais velha, assumindo o posto de grande rival de Saki. Essa fase é marcada por diversas reviravoltas, incluindo períodos em que Saki é enviada a um reformatório e a incerteza sobre a identidade de seu verdadeiro pai.

Misturando ação e os absurdos típicos das produções infanto-juvenis japonesas com temas densos, como o ambiente competitivo entre alunos e a corrupção empresarial, Sukeban Deka me agradou bastante. Acredito que, se a série tivesse chegado por aqui na mesma época em que Jaspion e Changeman fizeram sucesso, certamente teria chamado alguma atenção, e veríamos as meninas brincando com ioiôs nas ruas. Agora, vou começar imediatamente a assistir Sukeban Deka 2 e já estou com os três filmes engatilhados para assistir na sequência.

Cotação:

Não poderia terminar este post sem mencionar o belíssimo tema de encerramento, Shiroi Honoo, cantado pela própria Yuki Saito. Não sai mais da minha cabeça. O álbum de Yuki, Axia, pode ser encontrado no Spotify, e a faixa é a número 6. Recomendo fortemente ouvir o álbum completo.

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