Crítica – Sukeban Deka 2 (1985)

Sequencia que respeita série original, mas tem personalidade própria

Já escrevi aqui no site sobre a série Sukeban Deka, lançada pela Toei Company em 1985 e baseada no mangá homônimo. A produção conta a história de uma delinquente (sukeban) que é recrutada por uma organização para atuar como detetive (deka), investigando a criminalidade dentro das escolas japonesas que são extremamente barra pesada. Piores que as escolas norte-americanas do cinema dos anos 80 e 90.

Saki Asamiya, a primeira Sukeban Deka, cumpre sua missão em uma trama que se encerra com um final em aberto. Agora, em Sukeban Deka II, uma nova agente assume o posto e dá continuidade ao trabalho: Yoko Godai.

Yoko (interpretada por Yoko Minamino) é uma garota misteriosa que cresceu usando uma máscara de ferro no rosto. Recrutada pela organização, ela assume a identidade de Saki Asamiya após ser libertada da máscara e passa a atuar como a segunda Sukeban Deka. Diferentemente da primeira Saki, que agia de forma solitária, Yoko conta com a ajuda de outras duas sukebans: Kyoko “Okyo” Nakamura (Haruko Sagara) e Yukino Yajima (Akie Yoshizawa). Embora não façam parte da organização, as duas decidem acompanhar Yoko em suas missões, construindo com a protagonista uma forte amizade.

Juntas, elas enfrentam principalmente as ações do Seirokai, um grupo de estudantes recrutados por Kage no Soto (Sombra Exterior). Com integrantes espalhados por inúmeros colégios do Japão, o Seirokai planeja deflagrar a chamada Revolução dos Lobos. Por trás de toda essa articulação está uma figura ainda mais enigmática: o velho Shigaraki-Rō. A medida que a batalha se intensifica, fatos cruciais sobre o passado de Yoko vem a tona, revelando conexões com seu pai e até mesmo uma ligação entre ela e Soto.

Yoko Minamino tem carisma inegável, mas a decisão de dividir seu protagonismo com outras sukebans foi certeira. Okyo e Yukino são personagens bacanas que ajudam a dar mais ritmo a série, a qual, com seus 42 episódios, se torna mais extensa que sua antecessora, que teve somente 24 capítulos. Enquanto a arma principal da protagonista continua sendo o tradicional ioiô, Okyo não fica atrás e utiliza uma arma tão inusitada quanto eficaz: bolinhas de gude. De temperamento explosivo, ela chega a ser até mais durona do que a própria Yoko. Já Yukino traz momentos de doçura e leveza, equilibrando o trio. Ela utiliza palhetas, chamadas de tsume, usadas para tocar instrumentos tradicionais de cordas, como o koto. As duas também contam com bons arcos de desenvolvimento ao longo da série.

Os antagonistas demoram um pouco a se firmar. Inicialmente, Kage no Soto não possui o mesmo impacto do terrível trio Mizuchi da série original e leva certo tempo para se estabelecer como uma ameaça à altura, até que o velho Shigaraki surja de fato como o verdadeiro grande vilão da trama. Ainda assim, como o número de episódios é maior, Kage no Soto acaba contando com um amplo leque de aliados. Eles vão dos mais convencionais aos mais excêntricos, mantendo o interesse ao longo da narrativa. A manutenção do mistério em torno da máscara, da infância de Yoko e de sua relação com Soto também ajuda.

Em muitos momentos, apesar de ainda carregar bastante no drama, Sukeban Deka II apresenta um clima mais leve e até mais bem-humorado do que a série original, chegando inclusive a ter um final feliz. A série consegue expandir o universo da franquia sem perder sua identidade. Ainda temos uma protagonista forte e carismática. Ao apostar no trabalho em equipe e em um tom mais leve, a produção se diferencia da antecessora ao mesmo tempo em que respeita suas origens. É uma continuação sólida e memorável, com bastante ação, drama e humor em doses equilibradas.

Ao longo dos episódios, alguns rostos bastante conhecidos do público brasileiro fazem participações especiais, como Hiroshi Miyauchi (Winspector, Solbrain), interpretando o pai da protagonista, e Kanako Maeda (Maskman), no papel de outra sukeban. As músicas de encerramento são ótimas e cantadas pela própria Yoko Minamino e, com certeza, ficarão na sua cabeça por um bom tempo.

Cotação: