A cafeína move personagens e histórias
Na cultura pop, muitas vezes, alguns elementos são utilizados como uma extensão da identidade de algum personagem. Um dos exemplos mais clássicos é o café, essa bebida aparece como motor de diálogos rápidos e inteligentes, também como facilitador de conexões humanas e até símbolo de estilo de vida em centenas de séries, filmes e até desenhos animados.
Lorelai Gilmore: a vida em torno do café
Possivelmente, o personagem que melhor representa a conexão com o café é Lorelai Gilmore (protagonista da série de televisão Gilmore Girls, interpretada por Lauren Graham). Ao longo das 7 temporadas lançadas entre os anos 2000 e 2006, podemos observar a obsessão da personagem em torno do café, o que se transformou em sua marca registrada, como a icônica cena na qual a personagem está de joelhos com uma caneca na mão clamando por “café, café, café!”.
Além da obsessão por cafeína se tornar um alívio cômico, o café serve, na série, para representar o ritmo acelerado, sarcástico, ácido e emocional de Lorelai com relação aos problemas enfrentados e interações com outros personagens. Além disso, as pausas para o café funcionam como momentos de reflexão e abertura das personagens para temas mais íntimos e profundos, aumentando sua conexão emocional com os espectadores.
Outros personagens movidos a café
Lorelai não é o único personagem da cultura pop a ter sua personalidade criada em torno de uma boa xícara de café. Harvey Specter (interpretado por Gabriel Macht) é advogado e um dos personagens principais da série Suits, sua personalidade forte, controladora, mas elegante faz com que seja frequentemente retratado tomando seu café enquanto analisa o próximo caso a ser defendido no tribunal.
A consagrada série Twin Peaks também retrata o amor do agente Dale Cooper (interpretado por Kyle MacLachlan) com a frase “eu já perdi a conta de quantos cafés tomei na minha vida…mas essa é a melhor xícara de café que já provei” como parte da construção do charme do personagem.
Nos desenhos animados podemos lembrar do gato Tom consumindo jarras de café para ficar acordado enquanto espera que o rato Jerry caia em uma de suas armadilhas, chegando até a prender as pálpebras com fita adesiva para se manter acordado.
Em The Big Bang Theory o excêntrico Sheldon Cooper (interpretado por Jim Parsons) recebe um episódio inteiro voltado para a sua primeira vez em que experimenta café, se tornando altamente energético, falando rápido e até mesmo se imaginando mais rápido que o super-herói Flash.
Por que nos identificamos?
O apego a personagens movidos a café pode parecer comum, mas é justamente essa simplicidade que faz com que nós espectadores criemos uma conexão sobre nossas próprias rotinas, afetos e manias assim como os personagens, ou seja, ativando uma característica do ser humano chamada de comportamento espelho onde nos vemos da mesma forma que o personagem realizando tarefas e rotinas mundanas.
Essa identificação pode acontecer não só com o café, mas ao ver um personagem utilizando a sua cafeteira, recolhendo o lixo, levando o cachorro para passear, ou passando por perrengues do dia a dia, fortalecendo a nossa conexão emocional tanto com a série ou filme quanto com os personagens e seus medos, sonhos, dificuldades e conquistas.

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