Até uns anos atrás eu desconhecia completamente a filmografia do italiano Dario Argento. Foi quando numa banca de jornal, encontrei o DVD de Phenomena (1985), longa estrelado por Jennifer Connely ainda garotinha. Como sou fã de Connely e achei a arte da capa interessante, comprei-o (pela bagatela de 10 Lulas).
Gostei do filme e fui à caça de mais títulos do Argento. Comecei pelos clássicos do homem: Suspiria e Preludio Para Matar (lançados recentemente pela Versátil em Blu-ray). Ambos estão hoje na minha lista de filmes favoritos. Depois disso já conferi quase toda a obra do diretor.
Recentemente a redação do CPR adquiriu o box A Arte de Dario Argento, lançado pela Versátil, que traz 4 filmes do pai da magnifica Asia, em versões restauradas com idioma original. São 2 DVDs em embalagem caprichada, que vem ainda com vários extras (depoimentos e trailers) e 4 cards.
O maior destaque nesse box é a chamada “Trilogia dos Bichos” completa. Com essa trilogia, Argento popularizou o giallo (gênero que geralmente envolve um assassino misterioso mascarado com fetiche por luvas pretas) que virou modinha lá na terra da bota ali pela década de 1970 e inspirou os slashers americanos.
Well, vamos aos filmes:
Disco 1:
O Pássaro das Plumas de Cristal
(L’uccello dalle piume di cristallo, 1970)
Um escritor americano, residente em Roma, presencia assassinato de uma mulher e ele mesmo vai investigar o caso, uma vez que a polícia, como é comum no giallo, é bastante obtusa. Bela estreia de Argento na direção, que já começa a mostrar a que veio. Esteticamente perfeito, já com as grandes sacadas visuais típicas de sua obra, apenas sem o sangue abundante de seus filmes posteriores.
O Gato de Nove Caudas
(Il gatto a nove code, 1971)
Dois jornalistas, um deles cego e aposentado, investigam os assassinatos e ficam na mira do assassino. Da trilogia, esse é o meu favorito por ter os personagens mais envolventes e as melhores mortes.
DISCO 2
Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza
(Quattro Mosche di Velluto Grigio, 1971)
Um músico cai numa armadilha e é chantageado pela morte de uma pessoa. Essa última parte da “Trilogia dos Bichos” cai na maldição do terceiro filme. Longe de ser ruim, mas é o mais fraco dos três. Peca pelas tentativas fracassadas de humor, pelo protagonista insosso e pela falta de mais cenas marcantes (nenhuma supera o início do filme). Destaque para a trilha de Ennio Morricone (também responsável pela música dos dois filmes anteriores) e a inesperada presença de Bud Spencer (que reforça a sensação de “paródia”). Quatro anos depois desse aqui, Argento retorna ao giallo com o excelente Profondo Rosso (Prelúdio para Matar).
Terror na Ópera
(Opera, 1987)
Uma jovem soprano é perseguida por um misterioso assassino durante a montagem da ópera Macbeth, e obrigada a enxergar com os próprios olhos os assassinatos cometidos pela figura. Esse aqui já é de um Argento consolidado. Mais sanguinolento, absurdo. Ângulos ainda mais inusitados e a trilha sensacional do Globin (misturando música clássica e o metal, também muito utilizado em Phenomena). Embora a identidade do assassino seja bem previsível, é o melhor filme do box.
Entonces, se você curte Argento, como eu, o box é impecável.
5.0/5.0 |
MARC TINOCO
Cinema, música, tokusatsu e assuntos aleatórios não necessariamente nessa ordem.