Batman
Direção: Lambert Hillyer
Elenco: Lewis Wilson, Douglas Croft, J. Carrol Naish, Shirley Patterson, William Austin.
EUA, 1943
Batman estreou nos quadrinhos na clássica Detective Comics 27 em 1939. Quatro anos depois o morcego já aparecia nas telonas. Em 1943 a Columbia Pictures lançou um seriado com as aventuras de Batman e Robin nas matinês dos cinemas norte-americanos. Seus 15 capítulos mostram a dupla dinâmica tentando deter os planos malignos do Corin…do Dr. Daka (?!).
Nada dos vilões clássicos. Os únicos personagens dos quadrinhos que aparecem por aqui são Batman, Robin e o mordomo Alfred. Até o Comissário Gordon foi substituído por um tal Capitão Arnold. A liberdade criativa não para por aí. Batman e Robin são agentes do governo e não tem um Batmóvel (provavelmente pelas sérias restrições orçamentárias). Eles usam o mesmo carro que Bruce Wayne e Dick Grayson, com Alfred dirigindo e tudo (felizmente ninguém é capaz de reconhecer o mordomo do milionário). Os heróis tem seus cintos de utilidade, mas eles são mesmo apenas um elemento do vestuário pois não são utilizados em momento algum. Nem para guardar uma cápsula de gás fedido.
Interessante que alguns elementos apresentados aqui foram depois adicionados aos quadrinhos. Alfred Pennyworth, por exemplo, era o maior gordinho nas histórias de Bob Kane mas depois tomou os tabletes fininho e ficou com o físico do ator Austin. Ainda ganhou um bigodinho também. Daqui também são a batcaverna e sua entrada. Ainda temos Bruce Wayne se disfarçando para se infiltrar na bandidagem, coisa que nunca vimos depois nos filmes.
Lewis Wilson interpreta um Batman mais bem humorado, parecido com o que George Clooney faria anos mais tarde em Batman e Robin de Joel Schumacher. Seu uniforme é fiel aos quadrinhos, mas com um baita cuecão por cima das calças e chifres molengas, malfeitos. Já o Robin tem sorte que ninguém o reconhece como Dick Grayson mesmo com o cabelo do ator Douglas Croft denunciando.
Segunda Guerra Mundial rolando e o vilão é o “japonês” Tito Daka, que lidera um grupo de traidores do Tio Sam. Daka é vivido por J. Carrol Naish, que, obviamente, não tem nada de japonês. Naish interpreta Daka o tempo todo fechando os olhinhos pintados e falando naquele tom que humoristas usam quando costumam parodiar japoneses. O vilão não faz muita coisa além de bolar planos estapafúrdios, como controlar pessoas mentalmente, com ajuda de uma máquina, transformando-as em “zumbis”, e abrir a porta do esconderijo, onde passa todos os 15 capítulos, para seus capangas.
Confesso que esperava mais da produção. Mesmo com baixo orçamento, era possível fazer algo de bom com o morcego naquela época. Eram tempos de cinema noir e aqueles jogos de luzes e sombras iriam cair muito bem em uma aventura do cruzado de capa. Infelizmente o diretor Lambert Hillyer não era nem um pouco inspirado. As cenas de ação são risíveis, com lutas pessimamente coreografadas e inúmeros erros de continuidade.
Falta estilo ao morcego, falta a famosa teatralidade do personagem. Os criminosos aqui não são nada supersticiosos e partem para a briga quando o sujeito vestido de morcego aparece na sua frente. Talvez essa seja a versão mais realista do personagem para as telas. Aparece um sujeito vestido com aquela fantasia ridícula na sua frente? Você vai ficar com medo? Desce a porrada, claro.
É engraçado o modo decidido com que os capangas de Daka vão pra cima do homem morcego. Tomam um murro do herói e já estão logo recuperados, distribuindo mais socos e pontapés. Já o Batman, além de bater fraquinho, parece ter queixo de vidro e as vezes é derrubado com um soquinho. Sua capa também atrapalhava bastante no pior estilo Lion Man (séries japonesas de 1972 e 1973 exibidas na extinta Rede Manchete). O morcegão que mais apanhou nas telas até agora (ainda vou conferir a versão de 1949).
Ao contrário do seriado de 1966 estrelado por Adam West e Burt Ward (que parodiava esse aqui com seus cliffhangers hilários), Batman de 1943 se leva a sério e faz rir involuntariamente. Está disponível no streaming Pluto TV com som original e legendas.
2.0/5.0 |
MARC TINOCO
Cinema, música, tokusatsu e assuntos aleatórios não necessariamente nessa ordem.