Review – Batman: Caped Crusader (2024)
Com uma animação refinada, Cruzado Encapuzado não se apoia apenas no apelo nostálgico
Batman: Cruzado Encapuzado
Caped Crusader, 2024
Sinopse:
Batman: Caped Crusader reimagina o personagem com foco em seus aspectos detetivescos. Ambientada em uma Gotham City noir, inspirada nas histórias do Batman das décadas de 1940, a série apresenta um jovem Bruce Wayne nos estágios iniciais de sua carreira de combate ao crime, explorando sua luta contra a corrupção e o crime desenfreados da cidade.
Concluí a primeira temporada de Batman: Cruzado Encapuzado, a nova animação do herói que o paspalho do David Zaslav, CEO da Warner Bros. Discovery, dispensou e acabou sendo adquirida pelo Prime Video.
A série marca o retorno de Bruce Timm ao universo do Cavaleiro das Trevas, e é impressionante como ele acerta mais uma vez na essência do personagem. Em contraste com os live actions recentes, que tornaram Gotham City menos envolvente, essa animação resgata o vigor e o fascínio do vigilante. Cruzado Encapuzado não é apenas uma nova versão da clássica Batman: A Série Animada, dos anos 90. Embora compartilhe uma estética semelhante, trata-se de uma reimaginação que adapta elementos da era de ouro dos quadrinhos, elevando ainda mais a atmosfera noir em torno dos personagens. Por ser uma produção para streaming, Cruzado Encapuzado pode explorar com mais liberdade violência e mortes, além de mergulhar mais fundo em temas adultos, como a corrupção policial.
Assim como no filme mais recente de Matt Reeves (que também é um dos produtores da animação), Cruzado Encapuzado retrata um Batman em seus primeiros anos como vigilante nas ruas de Gotham. Ele ainda não tem uma colaboração direta com a polícia, contando apenas com a simpatia do comissário James Gordon, que precisa lidar com uma força policial corrupta, confiando apenas na lealdade da oficial Montoya. Este Batman é mais enigmático, astuto e implacável do que as versões interpretadas por Christian Bale e Robert Pattinson. Sua relação com o mordomo Alfred é mais distante, embora haja indícios no final da temporada de que isso mudará. Como Bruce Wayne, ele mantém a fachada de playboy milionário, sem grandes variações em sua personalidade pública. Hamish Linklater, de Missa da Meia-Noite e irmão de Old Christine, faz um bom trabalho como a voz do morcego.
A relação entre Batman e Mulher-Gato, dublada pela charmosa Christina Ricci, tem um toque romântico menos destacado, mas é divertida. Arlequina aparece em uma versão com menos humor, talvez para se distanciar da interpretação de Margot Robbie nos cinemas. Além disso, não há a presença do Coringa. Alguns fãs criticaram a versão feminina do Pinguim, mas considero qualquer mudança no personagem interessante, já que, para mim, ele é um dos vilões menos intrigantes da galeria do morcego, tanto que prefiro a versão de Tim Burton em Batman: O Retorno.
A temporada encerra com um excelente arco de origem do Duas-Caras, que é mais fiel aos quadrinhos e mais impactante do que qualquer outra adaptação audiovisual até agora. Também temos uma Bárbara Gordon, aqui como advogada, mais madura e determinada, sem estar à sombra do herói. Apesar de a trama principal sobre corrupção se desenrolar ao longo de toda a temporada, Cruzado Encapuzado também apresenta ótimos episódios isolados, como o episódio 8, repleto de referências aos parceiros mirins do herói, e o 6 com elementos sobrenaturais.
Com uma animação refinada e uma trilha sonora marcante, Cruzado Encapuzado não se apoia apenas no apelo nostálgico, mas também inova. Diferente dos últimos filmes, que buscaram um “realismo” excessivo, a série abraça sua essência de adaptação de quadrinhos. Infelizmente, foram apenas 10 episódios, mas fica a torcida por uma nova temporada, pois este Batman definitivo faz falta. A cada episódio, fica claro que Bruce Timm está no controle, com J.J. Abrams e Matt Reeves sabiamente deixando o homem trabalhar.
Marc Tinoco
Cinema, música, tokusatsu e assuntos aleatórios, não necessariamente nessa ordem
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