Review – Bravestorm na Band (2017)

 Bravestorm

Direção: Junya Okabe
Elenco: Shunsuke Daito, Shu Watanabe, Chihiro Yamamoto
Japão, 2017


Em tempos de pandemia, sem esportes para transmitir, a rede de televisão Bandeirantes (Band para íntimos) estreitou laços com a empresa Sato Company, detentora dos direitos no Brasil de vários produtos audiovisuais de origem japonesa. Graças a essa relação, três antigos tokusatsu lá dos tempos da Manchete voltaram ao ar nas manhãs de domingo (com um bom ibope para os padrões do canal, que antes dava traço no horário ficando atrás até da Rede TV!)

A coisa não parou por aí e a aproximação da emissora paulista com a empresa que quer fazer o filme brasileiro do Jaspion proporcionou a exibição do primeiro tokusatsu inédito na TV desde a exibição da série Ryukendo na insalubre Rede TV lá na década passada. O filme (?) Bravestorm foi exibido na Sessão Livre da emissora do Morumbi na tarde do último sábado.

Produzido pela Blast em 2017, Bravestorm junta duas novas versões de personagens de duas séries clássicas diferentes da produtora Senkosha, realizadas nos anos 70: Silver Kamen (de 1971) e Red Baron (de 1973). A historinha começa no ano de 2050, depois da explosão de uma guerra entre alienígenas e humanos. Os únicos terrícolas que sobreviveram a invasão alienígena foram exatamente cinco irmãos (sortudos, hein?). Eles planejam agora voltar no tempo (quem nunca?) e exterminar os invasores e o robô gigante que eles usaram para poluir o ar (sim, o robô soltou gases). Três deles voltam para a década de 2010 e buscam a ajuda de um cientista. Eles constroem o Barão Vermelho (não a banda, mas um robô gigante) para enfrentar os inimigos. O cientista ainda exige que o robozão seja pilotado por seu irmão problema porque sim.


Achei interessante a premissa de revisitar duas antigas séries tokusatsu e misturar seus universos, mas infelizmente Bravestorm se perde e cumpre bem pouco do que promete. Apesar de envolver viagens do tempo, a trama do filme é bem simples. Nenhum problema ate aí mas ela é complicada por uma séries de decisões ruins. Os diálogos expositivos e repetitivos são vários e totalmente desnecessários, os personagens são muito mal desenvolvidos (com direito a exibir habilidades que surgem do nada) e perde-se tempo com coisas que não acrescentam nada a narrativa como o treinamento na lua.

Mas o maior problema de Bravestorm está nas cenas de ação. Isso é muito grave em um filme onde o ápice é uma luta de robôs gigantes. Os efeitos visuais são péssimos mesmo para uma produção tokusatsu (vide os Ultraman mais recentes da Tsuburaya, para a TV, com efeitos superiores). O CG aqui é nível Asylum (aquela produtora americana culpada pelos Sharknados). A cidade destruída não convence, não impressiona, parecendo um game dos mais vagabundos. A luta entre Red e Black Baron fica impossibilitada de acontecer de fato, recorrendo-se a uma resolução apressada e malfeita. Teria sido mais jogo até colocar dois caras fantasiados de robô como nos tempos do Jaspion. A participação de Silver Kamen poderia ser maior pois suas lutas são o máximo que temos de uma ação que parece autentica. O resto são bonequinhos digitais extremamente limitados.



Para piorar, a Sato provavelmente entregou a bagaça para ser dublada em algum estúdio de Miami. Faz tempo que deixei de assistir produções dubladas e encarar essa foi uma experiência bem dolorosa. Seu Sato, por favor, entregue as próximas produções para um desses estúdios brasileiros que tem as vozinhas dos Cavaleiros do Zodíaco. Grato.

Para o bem e para o mal, Bravestorm foi a primeira produção tokusatsu inédita na TV brasileira em muito tempo. Torcer para que a Sato traga mais e melhores tokusatsu (com melhores dublagens) para cá e que essa relação com a Band não termine tão cedo

1.0/5.0

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MARC TINOCO

Cinema, música, tokusatsu e assuntos aleatórios não necessariamente nessa ordem. 


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