Mais um tokusatsu concluído, e eu vos trago minhas impressões sobre Bioman, o super sentai de 1984, inédito na TV brasileira.
Tempos atrás, houve uma guerra no planeta Bio. Um grupo queria usar a tecnologia em favor dos frascos fracos e comprimidos oprimidos, enquanto outro desejava criar armas para dominar os pobrezinhos. O resultado foi a destruição de Bio. Prevendo o fim do mundo, os bonzinhos enviaram a robôzinha Peebo e o gigantesco Bio-Robô para o planeta Terra (claro, quem não vem pra cá?), pois assim os seus segredos não cairiam nas mãos erradas.
Chegando a Terra, o Bio-Robô irradia cinco pessoas com as bio-partículas, que permitirão habilidades especiais aos irradiados quando ativadas. As bio-partículas são transmitidas aos descendentes dos irradiados e só virão a tona no dia em que Peebo e o Bio-Robô despertarem da hibernação, pressentindo alguma ameaça.
Eis que esse mal surge na pele do Doutor Hideo Kageyama, que testa em si mesmo uma experimento para aumentar a inteligência. Claro que dá merda e Kageyama fica doidão. Ele se transforma em um ciborgue por inteiro, passando a se chamar Doctor Man (sim, o nome é ridículo, mas o cara é um ótimo vilão). Ele cria um exército de robôs, disposto a dominar o mundo e eliminar a humanidade.
Shingo Takasugi, o Green Two – o fortinho da equipe.
Ryuta Nanbara, o Blue Three – o apagadinho da equipe.
Mika Koizumi, a Yellow Four I – fotógrafa profissional, ela não aceita muito bem a missão que recebe. Ela se integra a equipe e se sacrifica para salvar os amigos, logo no episódio 10. Reza a lenda que a atriz Yuki Yajima (que também foi a Helen de Sharivan um ano antes) teve uma briga com a Toei por causa do salário. O fato dela não mostrar a bela carinha no episódio 10, no qual Yellow Four bate as botas, corrobora tal especulação. Do começo ao fim do episódio, Yellow Four não aparece sem o uniforme e fala com outra voz.
Hikaru Katsuragi, a Pink Five – delicada, é uma personagem interessante, pois nos primeiros episódios os roteiristas fazem questão de mostrar seu lado temeroso e uma certa inaptidão como guerreira, apesar dela mostrar muita vontade em ajudar os amigos.
Sempre muito bom quando lançam algo para inovar aquela franquia que está estacionada há tempos. Bioman foi a oitava série Super Sentai (super-esquadrões) e representou uma revolução nos conceitos dessa linhagem de heróis. Essa revolução começou com Dynaman em 1983 (tipo o spandex no lugar das roupas de pano), foi aperfeiçoada em Bioman e solidificada com a famosa Changeman, em 1985.
O visual de heróis, vilões e máquinas, é ótimo e o desenvolvimento de personagens existe (algo que não há, por exemplo, em Goggle Five de 1982). Heróis e vilões são carismáticos. Em Bioman, o robô gigante também tem importância e não está lá apenas pra vender brinquedinhos, algo incomum nas séries anteriores e em algumas posteriores (em verdade o Bio-Robô parece uma preparação pro Gigante Guerreiro Daileon do Jaspion). Bioman também foi a primeira série que teve duas mulheres na equipe (e isso sempre é legal).
Gostei também que não tem aquela parada do monstro em tamanho natural que explode e volta gigante para ser derrotado, em questão de segundos, pelo robô. Aqui os “monstros da semana” são robôs gigantes com visuais bem bacana.
Além do Japão, Bioman fez grande sucesso na França, fazendo com que Maskman e Liveman , quando exibidas lá, fossem batizadas de Bioman 2 e Bioman 3, respectivamente, tipo a safanagem feita por aqui, quando Spielvan foi nomeado o Jaspion 2. Bioman também inspirou a amadora France Five.
Bioman nunca foi exibida na TV brasileira, apesar de aparecer nas contracapas das fitas de vídeo de Jaspion e Changeman lançadas pela Everest Video. Uma pena, se a Bandeirantes, por exemplo, tivesse comprado essa série no lugar de Goggle Five, totalmente defasada em relação a Changeman, Flashman e Maskman , acredito que teria feito mais sucesso, pois se aproximava mais do ritmo dos esquadrões exibidos pela Manchete.
Vale destacar também a trilha sonora, do mesmo autor da trilha de Changeman, e a bela música de abertura cantada por Takayuki Miyauchi, que foge dos padrões do gênero:
Minha única ressalva quanto a Bioman foi a trama do circuito consciente nos episódios finais. Poderia ter sido algo a mais do que os tradicionais confrontos entre vilões e mocinhos, uma vez que a luta dos Bioman e do Império Gear tinha ecos de clássicos como Metrópolis e Blade Runner. Enfim, Bioman merece ser assistida. Um dos melhores super-esquadrões já produzidos pela Toei.
4.0/5.0 |
Curiosidades:
Seiki Kurosaki, que no ano seguinte seria o protagonista de Jaspion, aparece nos episódios 35 e 36, no papel de Shouta Yamanomi. Em Bioman, Kurosaki conheceu sua esposa, Yuko Asuka, já falecida, que interpretou a vilã Farrah.
MARC TINOCO
Cinema, música, tokusatsu e assuntos aleatórios não necessariamente nessa ordem.