Review – Ela (2013)

Ela

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Direção: Spike Jonze
Elenco: Joaquin Phoenix, Scarlett Johansson (voz), Rooney Mara, Amy Adams, Olivia Wilde e Brian Cox (voz)
EUA, 2013

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Em seu livro, O Amor Líquido, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman analisa como as relações humanas estão mais flexíveis (ou liquidas) em nossa sociedade atual, onde os relacionamentos virtuais ganham mais importância e é cada vez mais difícil manter uma conexão duradoura. Afinal, o virtual também tem um pouco de descartável, é mais fácil acabar com uma relação por ali. E mesmo nos relacionamentos, digamos, reais, as pessoas parecem ter cada vez menos paciência para com os outros, se algo as desagrada, põe-se logo um fim e se parte para outra. É como se odiássemos a solidão, mas ao mesmo tempo, temêssemos realmente nos conectar a alguém.

Ela surge neste contexto contemporâneo; o filme acompanha o escritor Theodore (Joaquin Phoenix),  que ganha vida escrevendo cartas que falam de sentimentos íntimos para pessoas que não conhece, afinal ele é contratado para colocar em palavras os sentimentos que seus clientes não conseguem expressar. Theodore tem um talento especial para a coisa e uma grande sensibilidade.

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 Contudo, Theodore anda deprimido após o termino de seu casamento com Catherine (Rooney Mara). Entre salas de bate-papo, videogames e encontros arranjados por amigos, nada diminui a solidão. Nesse momento, ele encontra um novo sistema operacional, que promete fornecer uma interação quase humana, que aprende e é capaz de evoluir, de acordo com o que percebe ao seu redor. Porém, o tal sistema operacional se mostra muito mais do que o anunciado. Assim, conhecemos Samantha (Scarlett Johasson), ela tem uma voz rouca e sexy, é engraçada, curiosa, adora aprender e é compreensiva. E mais: ela o escuta e incentiva. Quase que imediatamente, Theodore está rindo novamente, aproveitando a vida, porque está apaixonado. Perdidamente apaixonado por seu sistema operacional.

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Sim, um sistema operacional. Pois é, você não achou que Spike Jonze, criador de filmes como Quero Ser John Malkovich e  Adaptação, dirigiria uma história de amor comum. Mas, um dos pontos fortes no trabalho de Jonze é que seus filmes nunca se esgotam na ideia inusitada, eles vão além, se expandem e trazem reflexões profundas.

No seu já citado livro, Bauman afirma que “em nosso mundo de furiosa ‘individualização’, os relacionamentos são bênçãos ambíguas. Oscilam entre o sonho e o pesadelo, e não há como determinar quando um se transforma no outro\”. Nesse curioso relacionamento apresentado por Ela, não é diferente. Curiosamente, através da relação com Samantha, um ser, ao menos teoricamente, não-real, Theodore precisa aprender a lidar com emoções extremamente reais, emoções das quais ele fugia em seus relacionamentos. Apesar do viés futurista, os questionamentos do protagonista são os mesmo de qualquer outro relacionamento. Quanto ele se pergunta se o amor demostrado por Samantha, sua preocupação e interesse por ele são sentimentos reais ou são apenas programados, não é tão diferente daquela duvida que deve afligir todos os apaixonados: será que ela/ele realmente me ama?

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No papel de Theodore, Joaquin Phoenix entrega uma atuação sensível, calcada na expressividade de seu olhar, construindo assim, um personagem complexo, carente, cheio de questionamentos e confuso sobre o que realmente deseja. Sua falta é com certeza sentida entre os indicados ao Oscar de Melhor Ator. Scarlett Johansson, por sua vez, é perfeita ao dar voz ao sistema operacional, sua entonação, inflexões e suspiros são suficientes para criar uma personagem inesquecível. Aliás, a atuação de Scarlett sucinta a questão de como as premiações precisam se adaptar ao contemporâneo e suas novas linguagens. Ignorar uma performance tão marcante, apenas porque o rosto da atriz não aparece na tela, é triste.

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Entre as coadjuvantes, duas mulheres com papéis bastante específicos na vida de Theodore ( e dentro do filme). A Catherine de Rooney Mara faz com que Theodore se sinta mais solitário, fracassado. Ela o critica, questiona, aponta as suas falhas. Já Amy (Amy Adams) é a melhor amiga, é aquela que o entende. O entende porque o conhece a muito tempo e o entende também porque é igualmente solitária.

Através de questionamentos cada vez mais comuns nos dias de hoje: o que é humano? o que separa real de virtual? Spike Jonze constrói uma delicada narrativa sobre amor e perda. Sobre o filme, vale ainda destaca a trilha sonora criada pela banda Arcade Fire e a linda canção The Moon Song, interpretada por Karen O


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DRI TINOCO

\"Adriana

Apaixonada por música, cinema e gatinhos. 

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