Crítica – Exhuma (2024)
Título: | Exhuma |
Título Original: | Pamyo |
Direção: | Jang Jae-hyun |
Roteiro: | Jang Jae-hyun |
Elenco: | Choi Min-sik, Kim Go-eun, Lee Do-hyun, Yoo Hai-jin, Kim Jae-chul |
País: | Coreia do Sul |
Ano: | 2024 |
Folk horror explora as feridas históricas da Coreia Sul
Exhuma (2024) é um interessante exemplo de como o folk horror pode ser utilizado para explorar as feridas históricas de um país. Dirigido por Jang Jae-hyun, o filme mergulha no folclore coreano, mesclando xamanismo, Feng Shui e rituais budistas em uma trama que envolve o despertar de um mal ancestral.
O longa acompanha os xamãs Hwa-rim (Kim Go-eun) e Bong-gil (Lee Do-hyun), que são contratados por uma rica família para investigar a inexplicável doença que acometeu um recém-nascido, que pode ter origem sobrenatural. Hwa-rim desconfia que a doença vem de uma maldição, conhecida como “chamado do túmulo” e tem a ver com algum ancentral da família. Para ajudá-la, ela convida o mestre de Feng Shui, Kim Sang-deok (Choi Min-sik), e seu parceiro, o agente funerário Yeong-geun (Yoo Hae-jin), geomantes que analisam terrenos para selecionar o melhor lugar para sepultamentos e performam exumações. Apesar da gorda soma em dinheiro oferecida, Kim Sang-deok reluta em aceitar, por julgar que a família está ocultando informações sobre o ancestral a ser exumado, porém acaba cedendo, por conta da criança doente.
O túmulo em questão, localizado nas inóspitas fronteiras com a Coreia do Norte, é rodeado por mistérios que envolvem ladrões e um enigmático monge. No entanto, o filme vai além do confronto entre humanos e o sobrenatural ou de uma típica história de fantasmas. A maldição inicial é apenas o primeiro obstáculo, pois a trama evolui para algo ainda mais assistador com a introdução de um ghoul, uma espécie de demônio comedor de carne, na forma de um samurai que ignora que a guerra está terminada, um dos monstros mais legais que vi em filmes recentes.
Dividido em capítulos, Exhuma é imerso na tradição e história coreana, alternando as cenas de horror com momentos de investigação e rituais milenares. Um dos pontos mais fascinantes do filme é o contrate entre essas tradições e o moderno, já que parte desses rituais são realizados em ambientes da modernissíma Coreia do Sul.
O filme toca em feridas profundas do passado do país, como a invasão japonesa entre 1592 e 1598 e a anexação da Coreia pelo Japão em 1910, trazendo à tona esse trauma coletivo. Quanto mais fundo os protagonistas cavam, mais fundo se chega na história do país. A maldição enterrada profundamente no solo coreano é uma metáfora para o passado que continua a assombrar o presente.
Cotação:
Apaixonada por música, cinema e gatinhos