Recorrendo a \”locadora\”, finalmente consegui assistir a série Kaiketsu Lion Maru na íntegra. Conhecido por essas bandas como a série do Lion Man branco, Kaiketsu Lion Maru teve 54 episódios, mas apenas 10 foram exibidos pela finada Rede Manchete. Sempre que finalizava os episódios de Fuun Lion-Maru (o Lion Man Laranja, que foi a série seguinte no Japão), a emissora exibia esses episódios fora de ordem cronológica, pulando várias aventuras.
Produzido pela P. Productions, a mesma do clássico Spectreman, Kaiketsu Lion Maru estreou na TV japonesa em 1972 e misturava a época dos samurais com os monstros japoneses típicos. A série acompanhava a luta do herói com cara de leão contra o demoníaco Gosun que, claro, queria dominar tudo. O matusalém Kashin Koji previu a vinda de Gosun e treinou os órfãos Shishimaru, Saori e Kosuke para combater o vilão.
Os ninjas de Gosun não perdem tempo e atacam o velho, ferindo-o mortalmente. Antes de bater as botas, Koji entrega uma adaga a Saori, uma flauta (que convoca um cavalo alado) a Kosuke e uma espada a Shishimaru. Essa espada transformará o jovem em Lion Man.
Os três então viajam pelo Japão dos tempos feudais, enfrentando os monstros de Gosun. No decorrer da série, surge um rival pra Lion Man: Tora Jyonosuke, que se transforma em Tiger Joe. Aliado de Gosun no inicio, ele não tarda a mudar de lado, conservando ainda assim sua arrogância.
Kaiketsu Lion Maru é quase uma autêntica história de samurais. A única diferença é que o protagonista se transforma em um leão de pelúcia (o visual do herói é inspirado no Kagami Jishi, ou Leão do Espelho, um leão com uma longa crina branca, que vem do Kabuki, o teatro japonês). Fora isso, a produção tem roteiros densos. Isso era uma característica forte da P-Productions. Suas séries, incluindo Spectreman, costumavam ter alguns episódios que ofereciam uma abordagem diferenciada da luta entre o bem e o mau. Os monstros que vão aparecendo tem personalidades distintas: alguns são honrados, outros não. Alguns episódios evitam habilmente o maniqueísmo e te fazem simpatizar com alguns dos inimigos do herói. A carga dramática é tão forte que culmina com um desfecho trágico, pouco comum em tokusatsu.
Vi a série completa e é impressionante ver como uma dublagem pode matar a produção original. Foi difícil aguentar os 10 episódios que foram dublados. Primeiro que eu não curti a voz que substitui a de Leonardo Camilo, já a a partir do 2º episódio. Temos ainda a nefasta versão nacional da música de abertura tocando dentro da série, quebrando o ritmo da ação, e o vilão Gosun sendo malandramente chamado de Satã Goss no primeiro episódio (será que alguém ficou esperando por uma aparição do Jaspion?). Sofrível. É outra coisa assistir o restante da série com o som original e legendas. Muito melhor.
Além do Lion Man laranja (do qual a Dri já falou aqui), o homem-leão ganhou um remake “muderninho” em 2006. Batizado de Lion Man G, não vi mas li relatos de que esse remake segue o caminho das paródias, com um humor de gosto bem duvidoso.
Se você assistiu Lion Man laranja e curtiu, vale a pena correr atrás da série pioneira do Lion Man branco, pois é tão boa quanto.
5.0/5.0 |