Review – Livre (2014)

Livre

Wild
Direção: Jean-Marc Vallée
Elenco: Reese Witherspoon, Laura Dern, Thomas Sadoski, Keene McRae, Michiel Huisman, W. Earl Brown, Gaby Hoffmann
E.U.A, 2014

O  CPR conferiu na última semana o filme “Livre”, pelo qual Reese Witherspoon concorre ao Oscar de melhor atriz. Livre (Wild, ou seja, selvagem no original) é baseado no livro “Wild: From Lost to Found on the Pacific Crest Trail”, aqui: “Livre – A Jornada de Uma Mulher Em Busca do Recomeço”, autobiografia de Cheryl Strayed, que aos 26 anos, após a morte da mãe, vítima de câncer, e um divórcio, resolveu se aventurar e também se punir, fazendo a trilha Pacific Crest Trail, atravessando a costa oeste dos Estados Unidos, do deserto de Mojave pela Califórnia e o Oregon, em direção ao estado de Washington, ou seja, da fronteira com o México até o Canadá, uma das mais complicadas dos Estados Unidos, com cerca de 1.770 quilômetros. Tudo isso como um processo de crescimento e procura de si mesma.


Reese, que despontou com “Eleição” e “Legalmente Loira” com esse filme retoma o processo que havia iniciado após o Oscar por “Johnny e June”, de realizar trabalhos fora das comédias que a levaram ao estrelato, só que nos últimos anos, havia caído em filmes e papeis fracos. Aqui ela merecidamente conseguiu uma nova indicação ao Oscar, sua composição da Cheryl tem docilidade, medo, dúvida, coragem e o “selvagem “ do título.


Depois que a mãe morre ela se sente culpada por não ter sido mais próxima dela e mergulha em um caminho de autodestruição com uso de heroína, sexo com vários parceiros, se divorcia do marido e não sabe qual vai ser o rumo da sua vida. A decisão de fazer a trilha mesmo sem experiência, vem da vontade de se punir e, ao mesmo tempo, é uma espécie de rito de passagem para uma nova vida.


O diretor Jean-Marc Vallée fez um bom trabalho juntando as cenas de Cheryl na trilha enfrentando perigos, conhecendo pessoas e amadurecendo, com as cenas de suas memórias com a mãe, familiares e amigos, e assim vamos entendendo a sua vida como um quebra-cabeça e o porque dela está fazendo essa viagem tão perigosa. Marc Vallée, que fez o também ótimo “Clube de Compras Dallas”, mostra competência mais uma vez e dá até esperanças de que seu filme sobre Janis Joplin seja uma grande biografia.

O roteiro é de  Nick Hornby, escritor pop de “Alta Fidelidade”, “About a Boy,”, etc. A trilha sonora também é outro destaque, com musicas selecionadas que funcionam perfeitamente para a trama, como “El Condor Pasa (If i Could)” da dupla Simon & Garfunkel.

Livre não deve levar nenhum Oscar, pois embora Reese esteja muito bem, esse ano parece ser mesmo de Julianne Moore; e Laura Dern, tem bom desempenho, mas aparece pouco, ficando em desvantagem em relação às outras coadjuvantes. O filme merecia mais indicações, por exemplo, filme, roteiro adaptado e diretor.

Andaram falando que era um “Na Natureza Selvagem” de saias, fora o sexismo desse tipo de comparação, não tem muito a ver, a única semelhança entre as duas histórias é que ambos os protagonistas são mochileiros; em “Na Natureza…” o Alexander Supertramp se cansou da sociedade e foi viver com a natureza, aqui, Cheryl, após as atribulações decide fazer a trilha como processo de autoconhecimento, não sabe se vai lá para morrer ou para viver.

Uma curiosidade é que a verdadeira Cheryl Strayed faz uma ponta no início do filme como uma mulher que dá carona a Reese e deseja boa sorte para ela.

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DRÉ TINOCO

\"André

Professor de Geografia, cinéfilo nas horas vagas 

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