Review – O Homem do Rio (1964)

O Homem do Rio combina ação incessante, cenários pouco explorados e performances divertidas

O Homem do Rio


L’Homme de RioFrança/Itália, 1964

Direção: Philippe de Broca












Elenco:  Jean-Paul Belmondo, Françoise Dorléac, Jean Servais, Adolfo Celi, Ubiracy De Oliveira












Sinopse:

Um grupo de ladrões planeja o roubo de uma relíquia amazônica. O crime gera uma série de aventuras que envolvem drogas, morte e sequestro. Agnes (Françoise Dorléac), a filha de um homem assassinado, é sequestrada, drogada e enviada para o Rio de Janeiro em um avião. O seu namorado Adrien (Jean-Paul Belmondo), um soldado, procura a amada, começando uma jornada, que terá como cenários o Rio de Janeiro, Brasília e a Amazonia.

Cotação: 

Vou falar de um filme francês que certamente agradará muito aos fãs da franquia Metal Hero da Toei Company, especialmente Gavan, do início dos anos 80. Não que O Homem do Rio tenha algum herói metalizado com espada laser, mas, enquanto assistia às estripulias de Jean-Paul Belmondo, pulando de cenário em cenário e enfrentando bandidos no topo de construções, não pude deixar de lembrar dos momentos mais empolgantes do tokusatsu oitentista, com a ação fluindo sem se prender à lógica. Absolute cinema!

O protagonista da aventura é Adrien Dufourquet (Belmondo), um soldado francês em licença que viaja a Paris para visitar sua noiva, Agnès Villermosa (Dorléac). Ao chegar, ele descobre que Agnès foi sequestrada por criminosos que estão atrás de uma valiosa e antiga estátua indígena. Determinado a resgatá-la, Adrien embarca em uma jornada eletrizante que o leva ao Brasil tropical, imaginado pelos gringos. O Homem do Rio se destaca pelas engenhosas sequências de ação, protagonizadas pelo próprio Jean-Paul Belmondo, conhecido por realizar ele mesmo suas acrobacias, assim como Jackie Chan faria anos depois. 

O filme é daqueles que não param, com o mocinho perseguindo os bandidos sem um único momento de descanso. Repleto de ótimos momentos como o herói pulando de um avião em pleno ar porque sim, se pendurando do lado de fora de edificios e enfrentando os raptores de sua namorada em meio à arquitetura moderna de uma Brasília em seus anos iniciais. Rodado no Rio de Janeiro, Brasília e na Amazônia, o filme explora muito bem as paisagens exuberantes e os marcos arquitetônicos modernos desenhados por Oscar Niemeyer, adicionando um toque autêntico e charmoso a produção.

Nada funcionaria ainda sem a dinâmica perfeita entre Belmondo e Dorléac. Adrien exibe uma bravura cômica e uma determinação incansável, enquanto Agnès, no papel de eterna garota em perigo, é adoravelmente maluquinha. Em determinado momento, nosso herói ganha a companhia de um sidekick na figura de um garoto da comunidade durante sua passagem pelo Rio. Embora menos celebrado do que deveria, O Homem do Rio influenciou o gênero, antecipando elementos que se tornariam populares em franquias cinematográficas posteriores.  

Comecei o texto comparando com Gavan e mencionando como os fãs desse super-herói poderiam curtir o filme. Gavan também é um sujeito simpático que tira a namoradinha de enrascadas e luta contra os inimigos nos cenários mais inusitados. Belmondo também se diverte em cena tanto quanto Kenji Ohba no seriado. Além disso, o nome do metal hero foi inspirado por outro ator francês, Jean Gabin, e sua série fez um enorme sucesso na França, onde foi exibida como X-Or (?). Enfim, acho que já são motivos suficientes.

Esta obra-prima do cinema de entretenimento francês combina ação incessante, cenários pouco explorados e performances divertidas, proporcionando uma das mais agradáveis experiências cinematográficas que tive este ano. Recomendadissimo.

author

Marc Tinoco

Cinema, música, tokusatsu e assuntos aleatórios, não necessariamente nessa ordem

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