Operação Nervos de Aço: diversão para quem gosta de filmes baratos e criativos
Operação Nervos de Aço
Full Eclipse, 1993
Sinopse:
O policial Max Dire é convidado a fazer parte de um esquadrão de extermínio formado por agentes insatisfeitos com as leis e o sistema judiciário. Os membros desse grupo são submetidos a um experimento científico que os transforma em super-humanos
Parabéns àqueles que escolheram o título nacional de Full Eclipse. Operação Nervos de Aço parece até um nome que a polícia brasileira escolheria para uma de suas operações de rotina. Não duvido que tenha mesmo existido uma. Apesar da criatividade vou chamar o filme pelo titulo original no restante da resenha. Full Eclipse apresenta um mundo onde a linha entre justiça e vingança é tênue e os limites da humanidade são desafiados. É um mundo muito parecido com o nosso, na verdade, apenas agregando alguns elementos fantasiosos.
Max Dire (Van Peebles) é um policial convidado a integrar um esquadrão de extermínio formado por agentes cansados da ineficácia do sistema judicial e das leis tradicionais. Eles decidiram aplicar sua própria forma de justiça. Os membros desse grupo se submetem a um experimento científico que os transforma em super-humanos, dotados de força, agilidade e sentidos animalescos. Inicialmente relutante em se juntar à equipe, Max muda de ideia após a morte de seu parceiro e também por causa da bela Casey Spencer (Kensit). Ele começa a desconfiar das intenções do líder (Payne), responsável pela criação da fórmula que lhes concede os poderes conquistados. No entanto, pode ser tarde demais para recuperar seu lado humano.
Full Eclipse levanta questões profundas sobre moralidade, ética e até onde alguém está disposto a ir para buscar justiça. O longa desafia os espectadores a questionarem se os fins justificam os meios. É uma reflexão sombria sobre o quanto a pressão e os traumas podem fazer com que o lado primitivo dos policiais venha à tona, permitindo que atinjam seu estado mais bestial.
Bobagens a parte, Full Eclipse é um filme de ação com nuances de horror, produzido nos primeiros anos da HBO e dirigido por Anthony Hickox (Hellraiser III: Inferno na Terra). Possui um clima que lembra publicações em quadrinhos dos anos 90 estrelada por monstros e afins, podendo facilmente ser uma obra da Image desenhada por Marc Silvestri ou Erik Larsen. É uma releitura de um dos mitos do horror ambientado na cidade grande e moderna, que funciona muito melhor do que produções mais recentes como o Underworld do execrável Len Wiseman (talvez seja nivelar por baixo, mas não consegui pensar em outra obra com licantropos e armas para comparar).
Full Eclipse tem boa maquiagem e o elenco parece ser divertir em cena. Van Peebles e Payne trazem aquela canastrice marota que o projeto pede enquanto que Kensit marca presença com a sensualidade necessária. Hickox demonstra ideias interessantes de encenação, e se arrisca bastante no embate final entre mocinho e vilão, que é um tanto ambicioso em caso de orçamento apertado. Ainda assim faz mais bonito que os filmes de super-heróis recentes.
Full Eclipse é uma ótima diversão para quem gosta de filmes baratos e criativos.
Marc Tinoco
Cinema, música, tokusatsu e assuntos aleatórios, não necessariamente nessa ordem
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