Review – Thriller – A Cruel Picture (1973)

Thriller – A Cruel Picture

(Thriller – en grym film)
Direção: Bo Arne Vibenius
Elenco: Christina Lindberg, Heinz Hopf, Despina Tomazani, Solveig Anderson
Suécia, 1973




Curto muito filmes de ação estrelado por personagens femininas, e esse aqui eu tomei conhecimento via Podtrash, podcast maneiríssimo e do mal sobre cinema underground e trash (às vezes eles falam de Scott Pilgrim também). Estava eu no feicibuqui, quando a página do Podtrash divulgou o programa da semana com a arte que o xará Marcelo Damm fez para o banner. Lógico que a mulher com o tapa-olho e o trabuco na mão me chamou atenção.

Bem, pesquisei sobre a bagaça e fiquei sabendo que se tratava de um dos exploitations mais famosos dá década de 1970, um dos filmes de vingança favoritos do Tarantino e também uma das principais inspirações para o seu Kill Bill. Entonces, antes de ouvir o programa dos irmãos Fricke & cia, peguei o filme na Locadora e fui conferir a história da camponesa de nobre coração que vai todos os dias ao bosque recolher lenha pobre e ingênua garota muda do campo que se torna uma implacável vingadora.




Aluno do cultuado Ingmar Bergman (foi assistente de direção em Persona), o sueco Bo Arne Vibenius queria recuperar a grana que perdeu com seu primeiro filme, um fracasso de bilheteria, e resolveu que seu próximo projeto seria mais comercial. Bem, assistindo Thriller, podemos concluir que Vibenius não entendia patavinas de cinema comercial. Thriller definitivamente não foi feito para ser visto pela família tradicional.

O filme tem início com uma cena que começa bem bucólica e termina com uma garotinha sofrendo abuso por parte de um velho louco e asqueroso (que até que não é mostrada, só sugerida). Em decorrência do trauma, a menina fica muda. O tempo passa, o tempo voa, e ela (já adolescente e interpretada pela belíssima Christina Lindberg) perde o ônibus e acaba então aceitando carona de um sujeito visivelmente mal-intencionado (Heinz Hopf).

Com sua fala mansa e seu possante, Evil Tony Stark seduz a ingênua. Ele a leva a um jantar e a sequestra. Em sua casa, ele a droga com heroína e a mantém em prisão domiciliar. Viciada, a moça é obrigada a se prostituir em troca de umas doses.

 No primeiro programa, a guria arranha a fuça do cliente. Como castigo, Tony arranca um de seus olhos com um bisturi. Apesar de cruel, Tony garoteia mais tarde quando, aparentemente acreditando que tem a viciada nas mãos, concede um dia de folga para sua cativa. Escondida, ela começa a frequentar aulas de variados tipos de luta, tiro e direção, tudo pago com as gorjetas que recebe dos programas.




Após o assassinato de uma amiga prostituta e a descoberta de que seus pais se suicidaram (por causa de cartas enviadas pelo muquirana, com a assinatura dela, dizendo que ela não aguentava mais a vidinha besta na fazenda), a caolha, enfim, começa sua vingança.

O filme é dividido em duas partes. Na primeira temos um drama forte que mostra o quanto a humanidade pode ser baixa. Em sua busca por realismo, Vibenius chega a usar um cadáver de verdade na cena da extração do olho e insere dispensáveis cenas de sexo explícito (grotescas e nada excitantes) com dublês de corpo, em paralelo as cenas de treinamento.

Na segunda, temos a melhor parte do filme com perseguições em alta velocidade e tiroteios em um ultra-mega-hiper-super slow-motion que deixaria o Zeca Snyder maluco.

Apesar de algumas falhas no roteiro e cenas que buscam o puro choque, Thriller tem um apuro visual foda. Lento, sem trilha sonora e com poucos diálogos, a fotografia chama a atenção, assim como os enquadramentos inspirados. 

Christina se sai muito bem no papel. Fisicamente ela parece mais jovem do que era realmente na época. Com seu tapa-olho, sobretudo e de trabuco na mão, sem dizer uma única palavra o filme todo, ela convence no papel da vingadora implacável que não mede consequências para atingir seus objetivos (vide a sensacional briga com os policiais e a devastadora perseguição de carros). E a sequência final da vingança conclui o longa com louvor.



Thriller foi banido na Suécia e por muito tempo pensou-se que havia sido o primeiro filme a conseguir o feito. Sofreu vários cortes para ser exibido pelo mundo e hoje existe trocentas versões. Encontrei na Locadora a versão integral, com todo o sangue falso e as cenas de vuco-vuco.

No geral, Thriller é um filmaço, com uma fotografia que é uma pintura, uma narrativa crua e suja e uma protagonista interessante que já faz parte da minha lista de heroínas favoritas do cinema.

4.0/5.0

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MARC TINOCO

Cinema, música, tokusatsu e assuntos aleatórios não necessariamente nessa ordem. 


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