Review – Verão 1993

Estiu 1993

Direção Carla Simón

Elenco: Laia Artigas, Paula Robles, Bruna Cusí, David Verdaguer, Montse Sanz.

Espanha, 2017. 

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Exibido aqui no Brasil no Festival do Rio e com estreia marcada para essa quinta dia 07, \”Verão 1993\” é o representante da Espanha para uma indicação no Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro. Primeiro longa metragem da diretora Carla Simón, o filme foi selecionado para a mostra Generaton Kplus no Festival de Berlim 2017, onde levou o prêmio de Melhor Primeiro Filme e o Grande Prêmio do Juri da mostra. Além disso, levou prêmios em vários outros países por onde passou.  É um belo e tocante filme autobiográfico.

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O roteiro da própria Carla conta a história de Frida, uma menina de seis anos, que acabou de perder a mãe, já havia perdido o pai antes e agora vai passar o primeiro verão com sua nova família no campo na região da Catalunha. Seus novos pais serão seus tios e ela ganhou uma irmã, a sua prima de 4 anos. É um drama que cobre uma fase marcante da infância de uma menina, é um momento que vai mudá-la para sempre.

Tudo que acontece no filme é baseado na vida da diretora Carla Simón, suas lembranças e imagens que ela guarda daquele verão na década de 90. Ela perdeu os pais vitimas da AIDS, que na época acabava de ser descoberta e escolheu abordar o tema a partir de suas próprias experiências quando criança. Vemos nos olhos de Frida como ela vai construindo o entendimento do que aconteceu com sua mãe e que sua vida agora será diferente.

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Com uma bela fotografia e uma câmera intimista a diretora constrói as transformações internas que Frida está passando e isso aparece na forma como ela se relaciona com o mundo e as pessoas ao redor. Carla fala de um tema forte sem cair para o melodrama ou pesar a mão demais. Isso faz com que algumas pessoas digam que falta emoção ao filme, na realidade sobra emoção em cada gesto de Frida e dos seus familiares que tentam se aproximar dela e furar a barreira que ela criou.

Frida começa sem entender o que aconteceu, acha que a mãe pode voltar ainda, ela não chora nem uma vez na parte inicial do filme e parece se sentir bem com a nova família. Enquanto a trama vai se desenvolvendo, quando começa a perceber o que está acontecendo, ela começa a ser hostil, chegando a maltratar a sua pequena prima Anna e a sua tia. Cheguei a ler em comentário por aí nas redes, que alguém perdeu a simpatia pela menina e pelo filme quando Frida se mostrou inescrupulosa. Como se ela tivesse condições de saber a gravidade de alguns dos seus atos e não fosse compreensível suas atitudes. Está faltando empatia até por criança.

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Frida percebe que sua mãe partiu para sempre justamente quando já está se sentindo acolhida pela nova família, é justamente aí que ela finalmente chora, porque entendeu nesse momento o que é perder alguém que ama. No decorrer do filme se percebe pouco a pouco a construção desse entendimento e da relação com a família. Ela já chamava seu tio Esteve (David Verdaguer) de pai desde o inicio, talvez porque perdeu seu pai muito tempo antes, porém, chamar a tia Marga (Bruna Cusí) de mãe é algo que ela vai demorar muito mais para fazer, pois viveu até ali com sua mãe, assim não aceita outra em seu lugar tao facilmente.

Carla Simón dirigiu o elenco de forma certeira, inclusive deixando as meninas Laia Artigas (Frida) e Paula Robles (Anna) livres para improvisarem. Em momentos da filmagem a ideia era elas esquecerem a câmera, e deu certo. Elas são o centro do filme, não há uma cena sem as duas ou uma delas e o trabalho que elas fazem é excelente. A cena, por exemplo, em que Frida se maquia e brinca de ser adulta enquanto Anna brinca de ser sua filha, visivelmente ela interpretava a forma como sua mãe lhe tratava, era muito amada pela mãe e também muito mimada por ela. Laia Artigas, escolhida para ser Frida após testes com quase 1000 meninas, parece mesmo adulta nessa cena. E o final é tocante, com uma cena que seria difícil para muitos adultos e Laia fez magistralmente.

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Verão 1993 é, então, um competente trabalho de direção e elenco, um filme que toca pelo modo simples que aborda temáticas difíceis. Um dos melhores filmes do ano com certeza, vejamos suas chances no Oscar de filme estrangeiro.

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