crítica do filme a vida de chuck

Crítica – A Vida de Chuck (2024)

Título:A Vida de Chuck
Título Original:The Life of Chuck
Direção:Mike Flanagan
Roteiro:Mike Flanagan, Stephen King
Elenco:Tom Hiddleston, Jacob Tremblay, Benjamin Pajak, Chiwetel Ejiofor, Karen Gillan, Mia Sara, Mark Hamill, Carl Lumbly, Annalise Basso, David Dastmalchian, Rahul Kohli, Matthew Lillard, Kate Siegel
País:EUA
Ano:2024

Quando a fantasia ilumina o real

Mike Flanagan já tinha mostrado que sabia adaptar Stephen King em Jogo Perigoso (2017) e Doutor Sono (2019), continuação de O Iluminado, conciliando as características do autor e seu próprio estilo como cineasta. Em A Vida de Chuck, adaptação do conto presente em Com Sangue (2020), ele para uma faceta de King que acho pouco comentada em relação a totalidade da obra do autor. Muito de fala sobre o mestre do Horror, mas nem tanto sobre esse King doce, melancólico e que traz um quentinho ao coração.

A Vida de Chuck é dividido em três partes. O primeiro mostra o mundo chegando ao fim, com a maioria das pessoas tentando ficar próximas dos seus entes queridos e atordoadas demais para formular algo mais que “That sucks”. Nesse fim dos tempos, o foco não está em explosões cataclísmicas, mas na melancolia. Entre o medo crescente e a desesperança, um fato curioso: em toda parte — outdoors, anúncio na TV e no rádio — uma mensagem de agradecimento a um certo “Chuck” por seus 39 “grandes” anos. Nas duas partes seguintes, vamos conhecer esse misterioso Chuck, vivido por Tom Hiddleston.

O que mais gosto sobre A Vida de Chuck é sua dualidade. Ele tem todos os cacoetes de um filme fabular e sentimental, com personagens fazendo suas reflexões sobre o sentido da vida e metaforas cafonas, ao mesmo tempo, é meio que niilista. O filme parte da ideia de que a existência humana é ínfima, insignificante mesmo, diante da grandiosidade do universo, no entanto, não mostra isso de forma triste, mas como uma libertação. Somos irrelevantes, exceto para aqueles que estão próximos ou cujas vidas tocamos de alguma maneira, portanto, mais vale a pena aproveitar os momentos de felicidade, do que tentar perseguir uma importância que nunca teremos, idependente da profissão, posição social, etc.

Às vezes, é uma boa deixar o cinismo de lado e abraçar a pieguice, como Flanangan faz aqui. A Vida de Chuck fala sobre encontros efêmeros, danças improvisadas e escolhas pequenas que, somadas, constroem uma vida inteira. É nesse espaço entre a insignificância cósmica e a importância íntima que o filme respira. Flanagan sintetiza essa ideia em momentos que beiram o musical, como na cena em que Chuck dança ao som de uma baterista de rua, contagiando quem passa. É um parêntese encantado dentro da rotina, quando a fantasia ilumina o real.

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