Título: | Bliss |
Título Original: | Bliss |
Direção: | Joe Begos |
Roteiro: | Joe Begos |
Elenco: | Dora Madison, Tru Collins, Rhys Wakefield, Jeremy Gardner |
País: | EUA |
Ano: | 2019 |
Bliss é um filme brutal, que cativa ao combinar beleza e repulsa em suas cenas de horror visualmente estilizadas
Convidado para participar de um episódio do podcast Ponto Cego sobre neo-giallo, vasculhei diversas listas de filmes do subgênero internet afora, e me deparei com Bliss, produção de 2019 que chamou minha atenção pelas suas imagens. Imagens são sempre um fator decisivo para despertar meu interesse por um filme, especialmente quando não estou familiarizado com o elenco ou o diretor, como foi o caso aqui. Encontrei o filme na “locadora” e gostei bem. Não acredito que Bliss se encaixe exatamente como um giallo, mas ele se inspira fortemente no body horror e em outro gênero de monstros sobrenaturais que prefiro não revelar para não estragar a surpresa de quem também decidir conferir essa produção.
A trama acompanha Dezzy Donahue (interpretada pela bela Dora Madison), uma pintora em crise que luta para concluir sua nova obra enquanto enfrenta um bloqueio criativo e dificuldades financeiras. Desesperada para reencontrar sua inspiração, ela adota um estilo de vida autodestrutivo, mergulhando no uso de drogas e em festas desenfreadas. Em uma dessas festinhas, ela participa de um ménage à trois com uma amiga e o namorado excêntrico. Depois disso, as drogas que consome parecem desencadear efeitos estranhos, distorcendo sua percepção da realidade e levando-a a acordar coberta de sangue após misteriosos desmaios.
A performance de Dora Madison é hipnótica, entregando uma atuação visceral que captura a agonia de uma artista consumida por suas próprias obsessões. A jornada da personagem funciona tanto como uma metáfora para os perigos do vício quanto como uma imersão no horror corporal, mesclando influências de David Cronenberg e Gaspar Noé com toques de O Retrato de Dorian Gray. À medida que Dezzy sucumbe à dependência e ao caos, suas transformações físicas e psicológicas se intensificam, revelando desejos violentos. O filme explora a ligação entre arte, vício e obsessão, com a pintura de Dezzy tornando-se um espelho de sua espiral autodestrutiva.
A história se desenrola em uma crescente de violência, e Begos não poupa o espectador de cenas grotescas e sangrentas, mantendo uma estética que remete ao horror das décadas de 70 e 80. O visual é um dos pontos altos de Bliss, com sua fotografia saturada e repleta de cores psicodélicas, que cria uma sensação de caos e claustrofobia. A trilha sonora, carregada de rock pesado e música eletrônica, complementa a atmosfera caótica e intensa do filme.
Com um final sangrento, nudez e uma gritaria incessante, Bliss me conquistou com seu ritmo frenético e por se distanciar do tipo de horror que se vê no cinema mainstream atual. É um filme brutal, que cativa ao combinar, de forma simultânea, a beleza e a repulsa em suas cenas de horror visualmente estilizadas.
Cotação:
Cinema, música, tokusatsu e assuntos aleatórios, não necessariamente nessa ordem