A Volta do Monstro do Pântano
The Return of Swamp Thing
Direção: Jim Wynorski
Elenco: Dick Durock, Louis Jourdan, Heather Locklear, Sarah Douglas
EUA, 1989
No ano de 1982 foi lançado nos cinemas norte-americanos o filme
Swamp Thing, uma adaptação dos quadrinhos O Monstro do Pântano da
DC Comics comandada pelo mestre Wes Craven. O potencial de um longa
de terror baseado no personagem criado pela dupla Len Wein e Berni
Wrightson com direção do responsável pelo excelente Quadrilha de
Sádicos e criador do vindouro Freddy Krueger ser um filmão era
imenso. Bem, não foi o que aconteceu.
Mas não é desse filme que vou falar. Quero comentar sua
continuação que consegue ser tão medíocre quanto. No intervalo entre o
filme original e sua sequência, as histórias em quadrinhos do Monstro do Pântano
passaram a ser escritas por um roteirista britânico novato, um tal
de Alan Moore. O cara redefiniu todo o conceito da coisa e o sucesso
foi enorme. Deve ter sido por isso que resolveram realizar um novo filme
com o plantinha em 1989 (mesmo ano do Batman do Tim Burton, vejam só). Oba, toda aquela filosofada viajada adaptada para o cinema. Que demais! Bem, não foi o que
aconteceu.
A Volta do Monstro do Pântano é apenas uma bobajada que se leva menos a sério que o filme anterior. Quem dirige agora é Jim Wynorski. Sim, ele mesmo. O homem que nos
deu o delicioso Império Perdido, filme das panteras gostosonas, e a Vampirella em live action na pele de Talisa Soto. Wynorski é um
dos poucos diretores que teve a honra de comandar filmes de
personagens de quadrinhos diferentes, ficando ao lado de grandes
nomes como Sam Raimi, James Gunn e também de Mark Steven Johnson.
Primeira cena do filme e já podemos ter certeza que Wynorski passou longe mesmo
dos quadrinhos do Moore, com o monstro enfrentando outra criatura
saída de algum tokusatsu submarino para salvar um bando de manés no melhor estilo dos heróis de filme de ação dos anos 80. Logo entram os
créditos com cenas de várias HQs do Monstro do Pãntano para
deixar claro que Wynorski só viu as figuras.
Heather Locklear, a favorita de Wayne e Garth, interpreta Abby, uma
moça que conversa sozinha com plantas e é enteada do vilão do
primeiro filme, Anton Arcane (Louis Jordan, novamente passando vergonha para pagar o aluguel), que está vivo e passando bem (mais ou menos)
depois da surra que tomou do monstro pantanoso. Agora ele
tem a companhia de uma amante (a belíssima Sarah Douglas em sua
terceira adaptação de quadrinhos depois de Superman e Conan), que
trabalha em uma fórmula para rejuvenescê-lo. Ele comanda um exército
de mercenários bocós e tem um papagaio que me lembrou o vilão Professor K e sua arara no clássico tokusatsu Machineman (aquele do raio da transformação). Previsivelmente Abby e o Monstro irão se
apaixonar e ela será alvo do experimento do padrasto.
Os valores de produção desse Monstro do Pântano 2 são tão baixos
quanto os do filme de Craven, mas melhora em algumas poucas coisas
como a roupa do protagonista, novamente vestida por Dick Durock
(seria um excelente nome artístico para ator pornô). Está mais verde e as dobras que
antes teimavam em aparecer sumiram e dão um ar menos de fantasia de
desfile de escola de samba com tema natureza. De resto a ação é bem
fraquinha, a trilha é uma monotonia só e Wynorski não pôde
trabalhar seu ponto forte aqui que são as mulheres seminuas. Ele até
ameaça deixar a capanga vivida por Monique Gabrielle pagar peitinho
mas para por aí. O filme ainda duplica a criança chata do original e agora são dois guris chatões tentando tirar foto do herói. Haja saco
Mesmo assim a Volta do Monstro do Pântano é mais fácil de encarar do que o
Swamp Thing de 82 pelo clima camp. É preciso reconhecer que há uma
genialidade quando o Monstro diz que é uma planta e a moçoila
responde que é vegetariana. O Escritor Original não faria melhor.
Disponível no Prime Vídeo e no Netmovies (único streaming gratuito que oferece som original e legendas, mas que não tem aplicativo, bolas).