Home Again
Direção: Hallie Meyers-Shyer
Elenco: Reese Witherspoon, Nat Wolff, Jon Rudnitsky, Pico Alexander, Lola Flanery, Eden Grace Redfield, Candice Bergen, Michael Sheen, Lake Bell.
EUA, 2017.
Estreia nessa quinta-feira a comédia romântica “De volta para casa”, que traz Reese Witherspoon de volta ao gênero e é o primeiro longa da diretora Hallie Meyers-Shyer, de 30 anos de idade. Ela é filha dos diretores e roteiristas de comédias Nancy Meyers (“Do que as Mulheres gostam”, “Alguém tem que ceder”) e Charles Shyer, (“O pai da noiva”, “Adoro problemas”), eles, além de terem feito vários filmes juntos quando eram casados , também fizeram o roteiro de filmes como “Recruta Benjamin” e “Salve-me Quem Puder” para outros diretores. Portanto Hallie cresceu no ambiente cinematográfico e fez inclusive pontas em filmes da mãe. Agora ela constrói carreira sem medo de seguir no mesmo filão que seus país, as comédias românticas.
A trama de “De volta para casa” conta a história de Alice Kinney (Witherspoon) que no início do filme está prestes a completar 40 anos (isso mesmo, Reese que estreou fazendo uma colegial em “Eleição” e alcançou o sucesso com “Legalmente Loira” já tem na real 41 anos, estamos velhos). Ela também está recém separada do marido e em busca de recomeço para a sua vida. Assim, ela volta com as duas filhas para sua cidade natal, Los Angeles, onde mora sua mãe (Bergen) e ela pretende retomar o sonho de ser decoradora. Na comemoração do seu aniversário ela conhece três aspirantes a cineastas que acabaram de ficar sem um teto.
Ela concorda que os rapazes fiquem numa “casa” de hóspede na sua propriedade temporariamente, mas isso vai trazer situações inusitadas, principalmente quando o marido resolve aparecer para tentar uma segunda chance. Possível que o filme de Hallie seja um pouco autobiográfico, pois Alice é filha de um diretor de cinema, não com outra diretora, mas com uma atriz, e tal qual Alice, os pais de Hallie também se divorciaram. Encontrar materiais do trabalho do pai de Alice é um dos motivos que faz os jovens ficarem encantados com a vida dela e sua família.
No início parece que “De volta para casa” vai ser um festival de clichês puros. A narrativa aponta que o caminho seria virar uma novela, algo como “a jovem senhora começa a se encantar por um dos jovens e o marido reaparece para deixa-la dividida. No final decide com qual dos dois será feliz para sempre\”, porém não é exatamente assim que as coisas acontecem. Do meu pouco conhecimento de causa, já que não tenho a vivência, considerei até um bom filme em termos de trajetória de uma personagem feminina. Alice não espera que um homem dê rumo para a sua vida.
A trama vai se desenvolvendo e os clichês vão sendo evitados. É um encontro de pessoas que estão procurando definir o que fazer com suas vidas e nesse processo vai se criando um sentimento de família diferente entre os rapazes, Alice e suas filhas. Cheguei a pensar que dos três jovens apenas Harry (Alexander), com quem Alice flerta desde o início, teria importância na trama, mas os amigos Teddy (Wolff) e George (Rudnitsky) são tão vitais para a história quanto ele. Cada um deles está encantado com aquela família por seu próprio motivo e a paz acaba quando o ex-marido (Sheen) reaparece.
O elenco do filme tem química. Reese, que confirmei o quanto é boa principalmente após ver “Livre” está bem. Mesmo em cenas que pedem exagero como quando sua personagem toma um porre ela acerta no tom. Os três jovens atores também demonstram carisma, especialmente Nat Wolff (que está melhor do que em Death Note) e Jon Rudnitsky (que faz parte do elenco de temporada recente do Saturday Night Live). E as duas atrizes mirins, Lola Flanery e Eden Grace que interpretam as inteligentes filhas de Alice são ótimas.
Hoje em dia os romances que mais se destacam são aqueles baseados em best sellers em que alguém tem uma doença ou morre por outro motivo. Assim, como primeiro longa de Hallie Meyers-Shyer, num tipo de filme que nem está mais em um momento de alta, “De volta para casa” diverte bastante. Foge dos chavões do gênero e no final das contas funciona exatamente pela simplicidade com que foi realizado.