Loving
Direção: Jeff Nichols
Elenco: Joel Edgerton, Ruth Negga, Marton Csokas, Alano Miller, Nick Kroll, Bill Camp, Michael Shannon.
E.U.A., 2016.
Loving conta a história real do casal Richard Loving (Joel Edgerton) e Mildred Loving (Ruth), que morando no estado de Virgínia, são obrigados a casarem às escondidas, pois naquele estado, como em outros dos Estados Unidos segregado, no ano de 1958 até alguns anos depois, o casamento inter-racial era proibido. Eles são descobertos e acabam presos e exilados. São obrigados a abandonar seus estado e suas famílias, e isso acontece com Mildred já gravida. Não poderiam regressar a Virginia juntos de jeito nenhum ou pegariam 25 anos de cadeia. Isso mesmo, amiguinhos isso já foi lei, e como um policial fala no filme, o argumento basicamente é que “integração racial é contra as leis de Deus”.
Com o passar do tempo Richard e Mildred vão lutar para ficar juntos e onde quiserem, vão em busca dos seus direitos. O interessante de Loving é que diferente de outros filmes sobre questão racial, não é centrado em grandes líderes na luta pelos direitos civis. O filme é sobre duas pessoas comuns que sentem na pele as consequências do racismo, os dois precisam encontrar a coragem para lutar e é nas piores horas que encontram essa coragem.
Assim, embora a estrutura do filme seja convencional no sentido de outros dramas terem seguido a mesma linha sutil, o interessante é que para um filme com esse tema, a abordagem é certeira. É um filme que serve de manifesto contra o racismo, mas sem precisar de diálogos expositivos, como acontece com Estrelas Além do Tempo, que aliás a crueldade do racismo passa muito mais ao largo do que em Loving. A construção da trama é de muita sutileza e sensibilidade. Dosando muito bem as cenas leves com as cenas mais pesadas e sofridas.
Vi comentários por aí afirmando que falta emoção ao filme. Por favor, né? Acho que alguns precisam de cenas com pessoas gritando e abrindo o berreiro com a trilha sonora subindo, como em filmes ruins superestimados como Crash – No limite, para se emocionar. Também cheguei a ver alguém dizendo que Ruth Negga não tinha que está indicada, pois é muito contida.
Será que é difícil entender que a personagem é contida, tímida? Ela é um misto de fragilidade e força, enquanto o marido está mais desiludido, é ela que começa a superar a timidez e o leva a procurar a justiça em busca de mudar sua situação. Joel Edgerton tem uma grande atuação como Richard, mas é Ruth que toma conta das cenas, ela encanta e emociona com seus olhos super expressivos e gestos.