A Star Is Born
Diretor: Bradley Cooper
Elenco: Bradley Cooper, Lady Gaga, Sam Elliott, Andrew Dice Clay, Dave Chapelle
EUA, 2018
Nasce Uma Estrela é o quarto remake de uma história que os americanos amam, tendo o longa original, de 1937, já sido refilmado em 1954 e 1976.
O famoso músico Jackson Maine (Cooper) gosta de pisar na jaca quando se trata de bebida. Após um show, ele começa suas andanças pela noite em busca de um lugar onde possa encher o pote. Conhece Ally (Gaga), funcionária de um restaurante que, nas horas vagas, se apresenta como cantora num barzinho. Conversa vai, conversa vem e os dois se apaixonam irremediavelmente.
Ally quer desistir do seu sonho de se tornar cantora porque a industria diz que ela é feia e não vai vender nada. Jackson consegue fazer com que ela mude de ideia e a convence a fazer uma participação em seu show. Com muitas visualizações no You Tube, Ally assina contrato com gravadora e faz um sucesso meteórico. É quando começam os problemas com Jackson, que não consegue largar a mardita e se afunda mais e mais. O relacionamento dos dois ameaça desandar e só o amor verdadeiro e romântico poderá salvar. Ou não.
Nasce Uma Estrela começa até muito bem. Os diálogos nas primeiras cenas do casal são bons e Cooper demonstra competência na direção, mostrando o que aprendeu com Clint Eastwood, que sempre foi um diretor sutil e econômico e que já entregou obras primas como As Pontes de Madison e Menina de Ouro que nunca apelaram para cenas emocionais de apelo fácil (imagina o horror que esse último seria se tivesse sido dirigido por seu roteirista e diretor do horroroso e oscarizado Crash- No Limite, Paul Haggis?). O problema é que na segunda metade Cooper parece também lembrar das lições aprendidas com David O. Russel (com quem trabalhou em Trapaça e no péssimo Joy). O filme é apressado, desenvolve personagens e situações de formas extremamente superficiais e mergulha de cabeça no dramalhão mais constrangedor possível.
Não bastasse, a visão que tem da música pop é por demais simplória. Não me entra na cabeça como a industria descobre, sei lá, Joan Baez num video no You Tube e resolve transformá-la numa cantora do pop mais rasteiro. A moça é sucesso na internet e os engravatados vão transformá-la em algo completamente diferente daquilo que foi visto sem motivo algum? Acredito que ela tinha tudo pra virar uma nova Reba McEntire e não uma Britney Spears. Mas vai entender cabeça de produtores musicais de filme…
Ally passa a seguir cegamente as sugestões de seu produtor musical. Consegue sucesso com isso e perde sua personalidade aparentemente forte do inicio do filme. É como se a música pop não tivesse personalidade e sim uma receita simples de sucesso. Hoje temos no cenário pop as mais variadas cantoras fazendo sucesso e vendendo milhões de discos, com suas características próprias (a própria Lady Gaga, inclusive). Algumas com mais personalidade do que os astros da seara musical defendida pelo personagem de Cooper. A visão limitada do mundo pop também está presente na patética cena do Grammy, uma premiação que nem é levada tão a sério assim na realidade. O incidente com o marido bêbado jamais iria significar o fim da carreira para Ally, como diz seu produtor. Provavelmente uns memes na internet.
Como já adiantei parágrafos acima, a partir do momento em que Ally começa a fazer sucesso, o filme degringola com conflitos tratados de maneira que não causam o impacto esperado. O alcoolismo de Jackson é difícil de comprar pela atuação mediana de Cooper e suas divergências criativas com Ally e o produtor são pueris, nunca discutindo a fundo as opções musicais. A busca por emoções fáceis é tanta que em certa cena só falta um personagem oferecer uma corda para outro se enforcar e temos, claro, flashback e interpretação de música com olhos marejados.
Tanto Cooper quanto Gaga são esforçados, mas não convencem como casal romântico. Suas indicações ao Oscar não se justificam e o único que merece realmente a estatueta é Sam Elliot, que emociona sempre quando aparece em cena. As músicas também são realmente boas e as apresentações musicais, são muito bem filmadas. O Oscar de canção será merecido. Mas é só.