DARKEST HOUR
DIREÇÃO: JOE WRIGHT
ELENCO: GARY OLDMAN, KRISTIN SCOTT THOMAS, LILY JAMES, BEN MENDELSOHN, STEPHEN DILLANE, RONALD PICKUP
EUA, 2017
O Destino de uma nação filme indicado a 6 Oscars, incluindo melhor filme e ator, acompanha os 30 primeiros dias do primeiro mandato de Winston Churchill (Gary Oldman) como Primeiro Ministro do Reino Unido durante a 2ª Guerra Mundial. Churchill é apontado como uma das mais importantes personalidades da História e a interpretação de Oldman faz jus a essa importância, o filme, porém, é menor do que seu ator principal e o personagem histórico apresentado.
O filme começa com o Reino Unido mergulhando numa crise política em meio a Segunda Grande Guerra, o Parlamento quer a saída de Neville Chamberlain (Pickup) por ser considerado moderado para aquele período. Situação e Oposição buscam um nome que construa unidade e enfrente a situação de forma dura. Winston Churchill é esse nome. Ele assume o governo sob a desconfiança do Rei George (Mendelsohn) e do Visconde Halifax (Dillane) que era o preferido de membros do Parlamento para assumir o cargo ocupado por Churchill.
O filme é centrado nos diálogos expositivos, debates e discursos sobre os rumos da Grã-Bretanha perante o conflito. Veículo para Gary Oldman desenvolver toda a construção perfeita que fez de Churcill. O Primeiro Ministro enfrenta a primeira grande crise ao ter que decidir como agir com o episódio em Dunkirk na costa da França, quando centenas de britânicos ficam encurralados pelos nazistas e muitos deles perdem suas vidas. Churcill fica entre a escolha de permanecer em luta até o fim ou fazer um acordo de paz com a Alemanha, que poderia significar, para ele, uma queda pior para a nação do que a derrota na guerra.
O diretor Joe Wright acerta na reconstrução perfeita da época, como já acertou em Desejo e Reparação, Orgulho e Preconceito, entre outros. A fotografia escura num tom certo também ajuda a compor o ambiente sufocante das salas e gabinetes onde Churchill e seus ministros decidiam o destino das vidas de tantos e o futuro do reino. O filme concorre a Oscars de figurino, direção de arte e fotografia. Porém, os maiores destaques são mesmo a maquiagem e a performance de Oldman, eu já arrisco que é certo que esses serão os dois Carecas Douradas que o filme conseguirá levar.
Gary Oldman é um ator fantástico, já merecia ter levado um Oscar há muito tempo, no entanto essa é apenas sua segunda indicação, a outra foi por O Espião Que Sabia Demais (2011). E chegou a hora dele ganhar, a Academia adora interpretações em que o ator está irreconhecível, coberto de maquiagem e até na voz, andar, gestual. Há outros atores que até já interpretaram Churchill e já têm o seu biofísico, mas esse é o tipo de filme pensado para ser um filme de ator e levar prêmios nessa categoria e no máximo alguns técnicos como maquiagem, não tem outra ambição na noite do Oscar, apesar de indicado a Melhor Filme. E de fato o prêmio de ator será merecido, sua composição é impecável, quem já assistiu qualquer filmagem com Churchill, ver que a voz e gestos estão perfeitos, não soa como imitação ou forçado, Churchill era exatamente essa figura.
Os problemas do filme são o roteiro fraco e a falta de inspiração de Wright, que se faz boa direção tecnicamente como já disse, em termos de narrativa não está nem um pouco criativo. Quando tenta criar drama soa apenas forçado e não emociona, como na cena em que o Brigadeiro Claude Nicholson, comandante inglês em Calais recebe o telegrama de Churchill, se ouve a voz deste negando a rendição da tropa e em seguida vem o bombardeio alemão. Uma cena que é absolutamente exibição ridícula é aquela em que Churchill vai ao metrô e conversa com transeuntes, ao perguntar para eles sobre rendição aos nazistas ficam repetindo em coral \”nunca, nunca, nunca\”, incluindo uma garotinha. Churchill nunca fez isso e foi um recurso pífio para trazer drama a trama. Culpa não só de Wright, mas do roteiro de Anthony McCarten, o mesmo de \”A Teoria de Tudo\” outro filme medíocre.
Quanto ao resto do elenco, estão lá pra cumprir tabela. Esse é outro problema de filmes como esse, totalmente centrados em um personagem, o restante dos personagens fica completamente desinteressante. Desde a esposa Clementine (Kristin Scott Thomas) até a datilógrafa que vira secretária do Primeiro Ministro, Elizabeth Layton (Lily James) que está ali para contribuir como os momentos em que Churchill mostra humanidade. O único que ainda pôde desenvolver mais seu personagem é Ben Mendelsohn como Rei George, que vai mudando sua visão de Churchill passando a respeitá-lo como líder.
O fato é que tem horas que eu já estava torcendo para O Destino de uma nação acabar e quando estava acabando não percebi até que acabou. Tirando a habilidade de transformação de Gary Oldman não teria motivo para ver esse filme. Só foi engraçado assistir-lo após ter visto Dunkirk do Nolan e que também concorre ao Oscar, os eventos de ambos ocorriam ao mesmo tempo durante a Segunda Guerra, um complementa o outro. Acertado também foi se ater a esse momento do Churchill durante a guerra, há uma romantização da figura dele, mas como não cobriu, por exemplo, sua participação nas ações imperialistas da Inglaterra na Índia e no Sudão ainda no século XIX, até dá para deixar passar, acho que por isso ainda é um pouco melhor que A Dama de Ferro.
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