Review – Projeto Flórida

The Florida Project

Direção: Sean Baker

Elenco: Brooklynn Prince, Bria Vinaite, Willem Dafoe, Christopher Rivera, Valeria Cotto, Mela Murder,

E.U.A. 2017

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Projeto Florida é um daqueles pequenos grandes filmes que geralmente aparece concorrendo ao Oscar. Inclusive eu indicaria a Melhor Filme no lugar de alguns que estão aí. O filme só concorre a Melhor Ator Coadjuvante, merecia bem mais indicações. É um filme belo e crítico.

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Projeto Flórida acompanha o dia a dia de alguns moradores do Hotel \”The Magic Castle\” em Kissimmee, na Flórida. Na parte menos privilegiada do estado ainda que não distante da Disney Word e das áreas ricas. Acompanhamos a trama através de Moone (Brooklynn Prince), garota de seis anos que vive no \”Castelo Mágico\”, O período trata-se das férias de verão, quando ela se diverte pela cidade  com seus amigos Scooty e Jancey (Rivera e Cotto), recém chegada na cidade, e ao mesmo tempo enfrenta dificuldades junto com a sua mãe Halley (Bria Vinaite) para sobreviver. A mãe de Moone tem um espirito rebelde que não aceita ordens e imposições, suas atitudes apontam que já passou por muita coisa na vida. Ela cria Moone praticamente sem regras e livre, pode parecer que não liga para a menina, mas isso não é verdade, como se ver no decorrer da trama. Outro personagem importante é Bobby (Willem Dafoe). Ele é o zelador do hotel, que pode parecer um homem rude e que não gosta de crianças, mas até o final do filme se percebe que ele não é isso.

Pelo olhar das crianças o diretor apresenta as desigualdade sociais existente não só na Florida, mas nos EUA como um todo e no mundo.  Se ver toda a opulência de algumas áreas e a precariedade de outras, tudo partindo das vivências das crianças enquanto percorrem o espaço, por exemplo, quando brincam com fogo em uma área abandonada, onde deveria está habitações para atender várias famílias. É um filme extremamente geográfico.

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O nome \”Florida Project\” não é por acaso, era como o Disney World era chamado na época em que estava em processo de construção. Vemos essa desigualdade também nas cenas em que mãe e filha andam por espaços ricos, de maior poder aquisitivo, tentando vender produtos de beleza. Sem falar das pessoas que perderam casas na crise dos EUA a parir de 2008 e por isso vivem naquele hotel. A fotografia hora com muitas cores, hora mais sem brilho também contribui para expressar as contradições urbanas e sociais daquele espaço.

O diretor Sean Baker, de Tangerine, constrói uma narrativa que não entrega de cara quais os seus objetivos ao contar essa história. Como as várias cenas em que Moone aparece brincando na banheira, apenas depois vamos saber o que ela fazia lá. o que envolve uma ação passível de crítica à mãe, mas na verdade não deixa de ser uma tentativa de proteger  a filha e sua inocência. Halley e mesmo Moone são personagens com características que desagradam muitos, mas elas são simplesmente pessoas humanas, que sobrevivem a situações adversas.

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O elenco do filme é de maioria sem experiência, mas é um elenco primoroso. Brooklynn Prince, a protagonista, levou o prêmio Critics\’ Choice Award 2018: Melhor Jovem Ator ou Atriz, derrotando Millicent Simmonds (Sem Fôlego), Mckenna Grace (Gifted, o único que não vi ainda) Dafne Keen (Logan) e Jacob Tremblay (Extraordinário), muito merecido. Apesar de gostar do trabalhos dos concorrentes, Prince está insuperável. Por mim ela deveria está indicada ao Oscar de Melhor atriz no lugar de uma ou outra concorrente. Na sua atuação ela passeia por momentos desafiadores como gente grande. O diretor a encontrou através de um anuncio.

Já a mãe de Moone é interpretada pela atriz de origem lituana Bria Vinaite, também sem experiência, Sean Baker a viu pelo Instagram e gostou de como ela se expressava, a chamou para o teste e ela ficou com o papel. E também está excelente. Poderia está nas indicações para atriz coadjuvante. Sua personagem pode irritar algumas pessoas, mas ela faz de modo realista e tocante.

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Outro destaque é Willem Dafoe, o ator de mais estrada de todo o elenco. Indicado a melhor ator coadjuvante ele está excelente como o gerente / zelador Bobby, que cuida do hotel com uma dedicação impressionante. Como disse ele parece ser rude, severo, mas na verdade se preocupa com as crianças e os moradores do local, como se ver em uma cena na qual ele expulsa um provável pedófilo do local. No decorrer também demonstra preocupação com Halley e o futuro de Moone.

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Em algumas redes sociais por aí, como era de se esperar, vi pessoas criticarem o final, considerando aberto. Não conseguiram entender a poesia crítica e triste que o diretor fez, o sonho do mundo da fantasia da  Disney com o contraste da dureza da vida, que já marca as trajetórias de meninas tão pequenas. Projeto Flórida é belo, triste e emocionante.

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