Review – The Card Counter: O Jogador (2021)

The Card Counter: O Jogador 

The Card Counter
Direção: Paul Schrader
Elenco: Oscar Isaac, Tiffany Haddish, Tye Sheridan e Willem Dafoe 
EUA, 2021



Descrença, no sentindo de falta de convicções, não apenas de fé religiosa, é um tema constante no cinema de Paul Schrader, desde do roteiro de Taxi Driver (1976) a First Reformed (2018). The Card Counter, seu mais recente filme, volta ao tema. First Reformed abordava a religião, este foca em outros pilares do \”american way of life\”, o patriotismo e a família. 

No filme, Oscar Isaac vive William Tell, um homem de poucas palavras, cujos anos na prisão fizeram com que desenvolvesse a habilidade de contar cartas em jogos de baralho, mas também um gosto pela rotina e o pragmatismo.  Para o personagem, Isaac emprega sempre um tom distante, de modo que Tell jamais parece se empolgar com algo.


Dois encontros rompem toda essa rotina e pragmatismo: com La Linda (Tiffany Haddish), a misteriosa agenciadora de jogadores de poker, e Cirk (Tye Sheridan), filho de um ex-companheiro de exército. Assim, Schrader constrói uma relação familiar entre esses três personagens. Uma família um tanto disfuncional, cheia de segredos do passado, bem longe do ideal  \”american way of life\”.


Da mesma forma que em First Reformed, que discutia ambientalismo e religião, The Card Counter coloca dois assuntos que não são comumente associados: jogadores profissionais e exército estadunidense. Não à toa, o encontro com Cirk acontece durante uma palestra sobre segurança global, em um cassino em que Tell jogará. A palestra é  ministrada pelo Major John Gordo (Willem Dafoe), outra figura do passado do protagonista. 


Os cassinos, as apostas, o sonho de ganhar milhões de uma hora para outra, tudo isso compõe uma rede de alienação, assim como a igreja em First Reformed, que impede as pessoas de enxergarem os problemas do país.  Aliás, o principal adversário de Tell é um jogador-celebridade, conhecido como U.S.A, sempre acompanhado de um grupo de fanáticos, que gritam seu nome.  


A tensão das partidas de poker, os momentos românticos com La linda ou a genuína preocupação de Tell com Cirk, como se este fosse seu filho, acobertam um certo clima apreensivo que permeia todo o filme, afinal, por mais que tenha tentado se afastar com todo o seu pragmatismo, o passado segue ditando seus caminhos no presente. 

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DRI TINOCO

Apaixonada por música, cinema e gatinhos. 

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