resenha ohranger

Crítica – Chouriki Sentai Ohranger (1995)

Título:Chouriki Sentai Ohranger
Título Original:Chouriki Sentai Ohranger
Showrunner:Saburo Yatsude/ Toei Company
Direção:Takeshi Ogasawara, Shohei Tôjô, Masato Tsujino, Takao Nagaishi, Ryuta Tasaki, Hiroshi Butsuda, Yoshiaki Kobayashi
Roteiro:Noboru Sugimura, Hirohisa Soda, Shozo Uehara, Susumu Takaku, Toshiki Inoue, Sho Sugimura, Takao Nagaishi
Elenco:Masaru Shishindo, Kunio Masaoka, Masashi Gôda, Ayumi Aso, Tamao Satô, Hiroshi Miyauchi,
País:Japão
Ano:1995–1996

Entre o tom sombrio e o nonsense, Ohranger fica no meio do caminho

 Em 1995, a franquia Super Sentai completou 20 anos, e a Toei decidiu comemorar a data lançando Choriki Sentai Ohranger. A série apresentava um esquadrão com um visual mais vintage, remetendo à primeira produção do gênero, Himitsu Sentai Gorenger. A proposta inicial também era adotar um tom mais sombrio, algo evidente nos dois primeiros — e ótimos — episódios.

Eventos do mundo real, porém, alteraram os planos da produção. Após ataques com gás sarin no metrô de Tóquio, a Toei optou por suavizar o tom da série, abandonando a proposta inicial. Como resultado, Ohranger acabou oscilando entre momentos cômicos e mais sérios, sem definir claramente sua identidade.

Esse fato comprometeu ainda mais um projeto que, por si só, já carecia de charme em seu conceito original. O mote de Ohranger é confuso e genérico, algo que fica evidente pela própria sinopse:

No ano de 1999, o Império das Máquinas de Baranoia, liderado pelo Imperador Bacchushund, invade a Terra com o objetivo de exterminar toda a vida humana e instaurar o domínio das máquinas. Para combatê-los, o Chefe de Operações Miura reativa uma antiga fonte de energia oriunda da civilização perdida da Pangéia. Utilizando peças de uma placa de pedra descoberta três anos antes, ele desvenda os segredos do Chouriki. Em seguida, reúne uma equipe de elite formada pelos cinco melhores pilotos da U.A.O.H. e constrói uma pirâmide para ativar o poder do Tetraedro, permitindo que os cinco oficiais se transformem nos Ohrangers e enfrentem a ameaça de Baranoia.

Comparado às séries anteriores — Dairanger e Kakuranger, que apresentavam temas mais cativantes —, Ohranger acabou soando mais fria, sem o apelo carismático que marcava os esquadrões antecessores.

Os heróis de Ohranger sofrem de uma notável falta de personalidade. O OhRed segue o arquétipo padrão dos líderes de uniforme vermelho da franquia até 1986, mas sem a mesma presença marcante de seus antecessores. Já o restante do esquadrão carece de qualquer desenvolvimento real: suas personalidades são rasas ou simplesmente inexistentes, já que mesmo nos episódios focados em cada um deles, os roteiros não oferecem material suficiente para que se destaquem.

As meninas do esquadrão acabam chamando mais atenção — mas não pelas personagens em si, e sim pela presença física das atrizes escolhidas. Ayumi Aso, que interpreta Juri, chama atenção por sua altura e acabou se tornando o principal atrativo de um dos episódios mais memoráveis da série: o episódio do biquíni, claro. Já Tamao Sato, a Momo, se destaca pelo visual delicado e pelo carisma natural de “moça fofa”. A diferença física entre as duas cria um contraste interessante, mas, infelizmente, esse potencial visual não é acompanhado por um desenvolvimento consistente das personagens, que permanecem superficiais e pouco exploradas ao longo da série.

Falando em personagens pouco aproveitados, Hiroshi Miyauchi — veterano da franquia, conhecido por interpretar Akira Shinmei em Himitsu Sentai Gorenger e Sokichi Banba em J.A.K.Q. Dengekitai — retorna aqui como o Conselheiro Chefe Naoyuki Miura, numa clara homenagem às suas participações nas séries clássicas. No entanto, Miura é um personagem apagado, com pouquíssimo destaque ao longo da trama. Vale lembrar que o ator teve um papel muito mais digno de sua trajetória ao interpretar o Chefe Shunsuke Masaki em Winspector e Solbrain, onde seu talento e presença de tela foram muito melhor aproveitados.

Apesar de todos esses problemas, Ohranger está longe de ser uma série ruim — apenas não figura entre as melhores da franquia. Conta com um punhado de episódios interessantes e alguns acertos pontuais. O visual dos vilões do Império Baranoia é bastante criativo, a trilha sonora assinada pelo veterano Seiji Yokoyama é excelente, e tanto os uniformes dos heróis quanto o design dos mechas têm um apelo visual forte, sendo esteticamente muito bem resolvidos.

Curiosamente, meu primeiro contato com Ohranger não foi através da série. Conheci o esquadrão pelo especial Chouriki Sentai Ohranger: Ole vs. Kakuranger, lançado diretamente em vídeo, que mostrava o encontro entre os Ohrangers e a equipe de Ninja Sentai Kakuranger. Em seguida, assisti ao filme do grupo. Essas duas produções me deixaram a impressão de que Ohranger seria uma série extremamente divertida, beirando o nonsense — algo que, na verdade, só aconteceu no já citado episódio das meninas de biquíni.

E aí fica a dúvida: Ohranger teria sido uma série melhor se tivesse seguido um caminho mais sério e sombrio, como planejado originalmente, ou se tivesse abraçado de vez a comédia e o absurdo? No fim, não fez nem uma coisa nem outra, ficando preso no meio do caminho.

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