22 July
Direção: Paul Greengrass
Elenco: Anders Danielsen Lie, Jonas Strand Gravli, Jon Øigarden, Seda Witt
EUA, 2018
Após Capitão Phillips (2013), Paul Greengrass volta a mostrar circunstâncias extremas, através dessa adaptação do livro Um de Nós, de Åsne Seierstad. Aos menos entre os filmes que assisti em 2018, não me lembro de nada que se equipare aos momentos iniciais de 22 de Julho, em termos de tensão.
No filme, que é baseado em fatos reais, um grupo de crianças e adolescentes participa de um acampamento de verão, focado em instigar os jovens a se verem como futuros líderes políticos da Noruega. O evento ocorreu em 2011 na ilha de Utøya, há duas hora da capital Oslo. Aos gritos de “morte aos comunistas”, Anders Behring Breivik (Anders Danielsen Lie), militante de extrema-direita, friamente abriu fogo contra crianças e adolescentes no local. 77 pessoas morreram e 97 ficaram feridas durante o ataque terrorista.
Na segunda etapa do filme, que mostra as investigações e julgamento de
Breivik, a história divide-se em três pontos de vista: o assassino; um dos sobreviventes do massacre, Viljar Hanssen (Jonas Strand Gravli); e o advogado designado para defender Breivik, Geir Lippestad (Jon Øigarden).
Greengrass habilidosamente esmiunça a mente doentia do terrorista, que transforma suas frustrações e fracassos em ódio e xenofobia. Entretanto, em nenhum momento o diretor cai na armadilha de justificar os atos do mesmo. Pelo contrário, o filme destaca o comportamento metódico e frio de Breivik, além do seu permanente ar de escárnio, mesmo no tribunal.
Além disso, o filme, ao explorar as ideias absurdas do terrorista de como a diversidade cultural está \”destruindo\” o país, sempre faz o contraponto com o sofrimento de Viljar, que ainda se recupera de diversos ferimentos (além do trauma psicológico) e de sua amiga de origem muçulmana, Lara Rachid (Seda Witt).
Filme indigesto, porém necessário em um momento em que ideias fascistas ganham força na Europa, EUA e também aqui no Brasil, inclusive endossadas por figuras como Putin, Trump e Bolsonaro.