Review – Cam

Direção: Daniel Goldhaber.

Elenco: Madeline Brewer, Patch Darragh, Melora Walters, Devin Druid, Samantha Robinson.

EUA,2018

Thriller de horror psicológico/tecnológico Cam, produção da queridinha Blumhouse. estreou esse mês no catálogo da Netflix e se tornou um dos filmes mais comentados do ano. Pode ter alguns SPOILERS

Alice é uma cam girl. Assumindo o codinome Lola, ela se exibe em shows eróticos temáticos em um site na internet em troca de dinheiro virtual. Atualmente na posição 50, ela não poupa esforços para chegar ao topo no ranking das favoritas do público. Seu pesadelo começa quando certo dia não consegue entrar em sua conta e descobre que foi \”substituída\” por uma garota igual a ela, que segue fazendo as transmissões ao vivo.

Escrito e dirigido em um amplo processo colaborativo por Isa Mazzei e  Daniel Goldhaber, Cam aborda um lado do universo digital ainda pouco explorado pelo cinema para discutir questões como o voyeurismo, o preconceito e, principalmente, a perda de identidade. O filme foca nas camgirls, mas também poderia ser em youtubers e blogueiros. Ou num simples usuário do Instagram. O horror que atinge a protagonista é bem real e próximo de todos que tem alguma conta em sites na internet.

Cam poderia cair fácil nos clichês das produções que abordam os perigos da internet, mas os evita com sucesso. Em nenhum momento o filme demoniza a tecnologia ou julga a personagem principal com discursos moralistas (isso provavelmente graças a roteirista Isa, que é uma ex-camgirl). Mesmo quando Alice/Lola é questionada maliciosamente por policiais, vejo mais como uma retratação da realidade do que um julgamento do filme. Essa falta de moralismo/final punitivo afasta a produção de ser mais um episódio de Black Mirror, com que vem sendo preguiçosamente comparada, assim como a decisão de não entregar todas as respostas.

Cam está mais próximo do universo de David Cronemberg do que do de Charlie Brooker. Sinto ele como um filho mais novo da obra-prima Videodrome. Com um belo visual, Cam possui uma atmosfera sinistra e carregada de paranoia que vai crescendo até o memorável final. As sequências em que Alice confronta sua doppelgänger são dignas do cinema do mestre canadense. No papel de Alice/Lola, Madeline Brewer tem uma bela atuação e faz com que nos importemos com sua personagem (acredito que muita gente consideraria Lola fútil e não compraria seu drama fácil).

Cam pode não agradar quem for esperando um episódio de Black Mirror, mas vai agradar quem gosta de um filminho que não entrega tudo mastigadinho. Assista de mente aberta, aproveite a viagem. Certamente um do melhores filmes da Blumhouse e do ano. Já aguardo com ansiedade o próximo trabalho da dupla Mazzei/Goldhaber.

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