Vice
Diretor: Adam McKay
Elenco: Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell, Tyler Perry, Alison Pill, Jesse Plemons
EUA, 2018
Vamos falar de mais um dos filmes concorrentes ao Oscar 2019. Assisti \”Vice\”, que tem oito indicações, incluindo melhor filme, diretor e ator. Mês passado quando Christian Bale venceu o Globo de Ouro 2019 de melhor ator em filme de comédia ou musical por esse filme, em seu discurso ele agradeceu a satanás e citou o desafio de interpretar uma pessoa “absolutamente sem carisma”. E eu acabo de cumprir o desafio de escrever uma resenha de um filme sem carisma e chato, como Dick Cheney.
Adam McKay, que saiu do Saturday Night Live e de comédias com o amigo oriundo do mesmo programa, Will Ferrell, dirige essa sátira política da mesma forma que fez em \”A Grande Aposta\”. Só que ao contrário daquele filme, que predominou críticas positivas, \”Vice\” já dividiu mais as opiniões pelo que percebi. Geralmente é assim, a primeira vez engana, depois a crítica acorda. Bem, eu já havia achado \”A Grande Aposta\” fraco, esse só é pior porque a história é ainda menos interessante.
\”Vice\” conta história de vida de Dick Cheney (Bale), que de operário beberrão nascido em Lincoln, Nebraska, que com o apoio da esposa Lynne (Adams) se torna um burocrata influente em Washington até chegar a vice-presidência de George W. Bush (Rockwell), de 2001 a 2009. Como aparece no filme, muitas vezes era Cheney quem tomava decisões que mudariam o cenário estadunidense e mundial, não o Bush.
Para contar essa história então, repetindo \”A Grande Aposta\”, Mckay conta com montagem mais ou menos ágil, humor e referências pops. O grande problema do filme é sua história fraca, sem conflitos. Não que a história de Cheney não tivesse o que dizer, o cara estava na política desde Nixon, mas Mckay não se aprofunda em nada, nem no 11 de setembro, nem no Iraque e os interesses de Cheney anteriormente CEO da Hallyburton, empresa que após a guerra consegue contrato para explorar o petróleo daquele país, nem na relação com a filha lésbica. Invés disso ele se perde em meio as gags e brincadeirinhas, como referência a Galactus, piada com punheta, diálogos shakespearianos repentinamente, um garçom que didaticamente chato explica diferentes métodos de tortura usados na guerra ao terror, enfim,não se sabe mais se era para ser um filme político sério ou uma sátira, porque não tem sucesso em nenhuma das duas coisas.
Christian Bale como de costume muda de corpo conforme a necessidade, porém o roteiro fraco não exige ou permite mais do que isso. Ele ficou a cara do Cheney e só. Pode até levar o Oscar, já que adoram quando alguém muda de cara, mas acho que ele perderá para a caricatura de Freddie Mercury do Rami Malek.
O filme ainda tem uma cena pós – créditos devidamente anunciada, porém o que mais decepcionou não foi a cena ser dispensável, foi momentos antes quando, em outra tentativa de ser engraçaralho, Mckay sobe créditos como se o filme estivesse acabando, eu já estava feliz que o filme era curto, quando para minha infelicidade ele continuou.