Ford v Ferrari
Direção: James Mangold
Elenco: Christian Bale, Matt Damon, Caitriona Balfe, Josh Lucas, Jon Bernthal, Tracy Letts.
EUA, 2019
Fui assistir esse Ford vs Ferrari esperando que fosse o mais chatinho dos filmes indicados ao Oscar 2020. Até hoje Copland é o único filme de James Mangold que eu realmente gosto. O resto vai do ok ao ruim (no caso, os dois filmes do Wolverine que começam bem e desandam em bobagens). A duração também desanimou um pouco. No fim, a experiência não foi ruim. Não é um grande filme, não vi justificativa para ser indicado ao Oscar principal, mas não achei…bem… chatinho como esperava no inicio. Dar para assistir de boa. Teve coisa mais irritante indicada no Oscar 2019.
A trama se passa na década de 60, quando a montadora Ford resolve entrar no circuito das corridas automobilísticas. Na época, a lendária Ferrari ganhava tudo. A entrada da empresa americana no mundo da disputas de velocidade acontece exatamente por motivo de vingancinha do seu chefão, Henry Ford II, que tem uma oferta de compra recusada pelo chefão da empresa italiana, Enzo Ferrari, que passava por problemas financeiros. Para alcançar o objetivo, passar por cima da Ferrari, a Ford contrata o ex-piloto Carroll Shelby (Damon). Para conseguir construir o carro mais potente, Shelby, junto com o piloto e engenheiro Ken Miles (Bale), terá que lidar com as decisões corporativistas que podem por tudo a perder.
Ford vs Ferrari é um filme extremamente convencional (não se poderia esperar algo diferente uma vez que James Mangold é o diretor). Temos dois heróis, Shelby e Miles, que precisam superar os obstáculos para construir um revolucionário carro de corrida. O maior desses obstáculos é representado por um único executivo da Ford (vivido pelo canastra Lucas) que meio que manipula o presidente da companhia.
Talvez seja o filme mais americano dentre todos os indicados ao Oscar esse ano, tudo é bem preto e branco em Ford vs Ferrari. Sequer trabalha bem seus protagonistas ou a amizade que existe entre eles. Matt Damon tem pouco a fazer além de parecer honesto. Christian Bale ainda pode trabalhar um pouco o seu personagem, que tem uma falsa complexidade. Os personagens italianos são todos estereotipados, caricatos. Chega ao ponto de termos o piloto rival tentando intimidar Bale com o olhar durante a corrida, como se estivesse em algum desenho animado.
Well, mas é um filme de corrida. Essa falta de complexidade dos personagens e da própria trama é compensada por uma eletrizante cena de corrida? Mangold é um diretor até competente, apesar de nada ousado. As cenas de corrida são boas, bem executadas e com ótimo trabalho do pessoal responsável pelo som. Mas elas não dominam o filme de ponta a ponta. Mangold também quer explorar os bastidores e não o faz tão bem, optando pelo velho maniqueísmo.
E uma vez que os rivais italianos são caricaturais, não é difícil torcer pelo personagem de Bale. Também não é emocionante. Existem filmes de corrida baseados em fatos reais extremamente superiores, com personagens complexos, como o excelente Rush – No Limite da Emoção.
Ford vs Ferrari é um filme ok, mas esquecível. Foi lembrado nas indicações do Oscar 2020 porque estreou quase no fim do ano passado, foi bem nas bilheterias e faz muito bem para o moral do povo norte-americano em tempos trumpistas.